Setecidades Titulo Farmácia de Alto Custo
Descentralização da Farmácia de Alto Custo não tem mais prazo

Prometido pelo Estado para dezembro, projeto
atrasa por causa de ‘série de etapas complexas’

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
18/01/2016 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Prometida pelo secretário de Estado da Saúde, David Uip, para ocorrer até dezembro, a descentralização da Farmácia de Alto Custo do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, não tem mais prazo para sair do papel. A medida, que visa pôr fim às filas na distribuição de remédios, hoje concentrada somente na unidade, ainda aguarda definição do Estado quanto aos novos locais para a retirada de medicamentos, distribuídos nas demais cidades da região.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, o projeto sofreu atraso, pois ainda é necessário o “cumprimento de uma série de etapas complexas, envolvendo a pactuação com os municípios, estudo e definição de locais para a retirada dos medicamentos.”

A proposta do governo estadual consiste em selecionar unidades de Saúde em outros municípios da região para realizar o serviço de distribuição de medicamentos. Entretanto, o projeto apresentado em setembro ainda caminha a passos lentos.

Sem definir sequer um local para realizar o procedimento, o Estado alega que ainda está analisando as propostas apresentadas pelas prefeituras. Cada cidade indicou uma unidade apta a receber o serviço de distribuição de remédios de alto custo.

Atualmente, unidades de três municípios são cogitadas para fazer parte da descentralização da farmácia: AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) de Santo André e Mauá, além do Hospital São Caetano.

Apesar do atraso, a Secretaria de Estado da Saúde afirma que “vem movendo esforços para implantar a descentralização da distribuição de medicamentos para a população do Grande ABC.”

GARGALO

Responsável pela distribuição de remédios para moradores dos sete municípios da região, a Farmácia de Alto Custo é considerada atualmente um dos principais gargalos do Hospital Mário Covas. Ao longo de 2015, o Diário noticiou, por diversas vezes, dramas de pacientes que chegam a aguardar até cinco horas para serem atendidos no local.

O governo estadual diz que, em setembro, chegou a realizar a primeira fase da descentralização, quando o atendimento na Farmácia de Alto Custo passou a ser realizado com horários e datas agendadas previamente. Segundo o Estado, a medida teria reduzido em até 50% o tempo de espera, entretanto, pacientes ouvidos pelo Diário afirmam que o problema se agravou após a alteração. “Todo mês que venho aqui é a mesma situação. Aglomeração de pessoas, falta de cadeiras, inclusive para o pessoal da terceira idade. É um descaso total com a população da região”, relata a aposentada de São Caetano Nazareth Torres, 67 anos.

Fila de até 5 horas persiste na unidade

“Não adianta mudar o ano, o problema é sempre o mesmo. Já perdi as contas de quanto tempo passei dentro dessa recepção desde que preciso retirar remédios aqui.” O desabafo da cobradora de ônibus Vanilza Dutra, 47 anos, deixa clara a indignação dos usuários que necessitam todo mês recorrer à Farmácia de Alto Custo do Hospital Mário Covas, em Santo André.

Na tarde de sexta-feira, o Diário visitou o local e constatou que 2016 começou com os mesmos problemas dos anos anteriores: filas enormes e pacientes revoltados com a demora.

Mesmo com o horário agendado para as 13h, a auxiliar de limpeza Maria de Lourdes da Silva Melo, 62, precisou ter paciência neste início de ano. “Cheguei aqui às 11h49 e só fui atendida às 16h30. Onde já se viu esperar tudo isso para pegar um simples remédio? É frustrante essa situação”, relata.

Para a babá Maria Aparecida Amador Rosa, 60, a situação é ainda pior. “Todo mês que venho aqui é um dia perdido no trabalho, mas não há outra alternativa. Com meu salário não tenho condição de arcar com esse medicamento”, afirma a paciente.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, atualmente a Farmácia de Alto Custo do Hospital Mário Covas é responsável por realizar 1.700 atendimentos por dia.

“É muita gente para um lugar só. Por isso eles não conseguem dar conta. Cada morador deveria retirar remédio em sua cidade”, sugere a auxiliar de coleta Joyce Fernandes Pinto da Silva, 25.

O pensamento é compartilhado pelo aposentado Roberto Silveira, 71. “Seria muito melhor se pudesse pegar (o remédio) em Diadema, mesmo que fosse longe do meu bairro. Mas não precisaria vir até aqui.” 




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