A escolha da empresa para sediar a plataforma desse caminhão leve – cujo segmento consome cerca de 300 mil unidades ao ano no mercado global – é um alívio para o grupo no país, que se vê às voltas com o risco de fechamento da fábrica de Campo Largo (PR) e com o fraco desempenho de vendas do Classe A, produzido na fábrica inaugurada há dois anos em Juiz de Fora (MG).
Os planos para a filial brasileira vão além. O presidente da DaimlerChrysler para a América Latina, Ben van Schaik, diz que a empresa também será responsável pelo desenvolvimento dos chassis que vão equipar novos ônibus destinados ao mercado mundial. “O centro de competência desse produto será o Brasil”, afirma.
Atualmente, o desenvolvimento de chassis é feito na Alemanha. Profissionais brasileiros iniciaram neste ano trabalho conjunto com os alemães, mas a partir de 2002 assumirão sozinhos os novos projetos, que incluem a produção de componentes e desenvolvimento de produtos para a próxima geração de veículos da marca, prevista para chegar ao mercado só daqui a dez anos.
“O Brasil não vai mais operar isoladamente”, ressalta Schaik, um holandês de 56 anos que chegou ao Brasil em 1996 para presidir a Mercedes-Benz, a maior fabricante local de caminhões e ônibus. Há pouco mais de dois anos, assumiu o fardo de promover no país a reestruturação definida pelo grupo DaimlerChrysler em todas as suas unidades no mundo, missão que inclui corte de 15% nos custos, demissão de 26 mil trabalhadores e fechamento de algumas fábricas.
O primeiro pacote de medidas, anunciado em janeiro, atingiu a fábrica da Chrysler no Paraná, que em abril vai suspender a produção da picape Dakota, antes mesmo de completar três anos de operação. Uma unidade na Argentina e outra no México foram fechadas, além de filiais nos Estados Unidos e no Canadá.
O futuro da unidade paranaense será anunciado em maio. É possível que seja destinada à produção de componentes para outros produtos do grupo, mas Schaik ainda não quer falar sobre o assunto. Apenas dá a entender que não será desativada. O fechamento, segundo analistas do mercado, custaria caro à Daimler em termos financeiro e de imagem. A fábrica recebeu incentivos do governo local e tem dívidas com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que passam de R$ 100 milhões.
Concentração – Enquanto a indústria automobilística em geral está intensificando a terceirização da produção, concentrando apenas a montagem de veículos, a DaimlerChrysler está fazendo o contrário. A empresa, que já fabrica boa parte de seus principais componentes para as linhas de caminhões e ônibus passará a produzir, no próximo ano, também os câmbios e as transmissões hidráulicas, atualmente sob responsabilidade da ZF do Brasil. “Quase a metade desses produtos será exportada para Europa e Estados Unidos”, explica Schaik.
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