Setecidades Titulo Igreja
Vamos construir a paz
Por Dom Pedro Cipollini
11/01/2016 | 07:00
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Iniciamos mais um ano e nos interrogamos como será ele. Este ano que passou deixou-nos um rastro preocupante de desemprego, inflação alta e o pior de tudo: falta de esperança e perspectiva para o futuro. Estivemos na contagem regressiva para o ano novo e a pressa, nossa companheira diária, pareceu nos empurrar para que chegasse mais depressa. No entanto, constatamos que o ano anterior passou rápido, não deu tempo de fazer tantas coisas que desejávamos.

Apesar disso, temos muito a celebrar, porque certamente muitas coisas boas aconteceram ao longo do ano que se foi. Agradeçamos a Deus porque nos conduziu até aqui. Temos que projetar o ano novo com esperança, pedindo a Deus que ele seja melhor, que nós tenhamos mais coragem e união para vivê-lo bem.

Algo que devemos aspirar para este novo ano é trabalhar juntos, para vencer a crise e as dificuldades que certamente se farão presentes. Estamos em uma cultura consumista, na qual as pessoas cedem ao egoísmo com facilidade.

Há muita competição, busca de riqueza pessoal e, sobretudo, ambição que nos afasta uns dos outros. Temos a impressão de que o esforço pessoal basta para obtermos sucesso.

É necessário acreditar que o esforço coletivo para conquistar uma vida melhor para todos é fundamental para avançarmos como sociedade. Um sonho que se sonha sozinho dificilmente se realiza, mas quando sonhamos juntos, sempre se realiza. A união, como sabemos, nos fortalece.

Se não valorizarmos a união entre nós, como ensinou Jesus, que nos deu o mandamento do amor, a festa de fim do ano pode ser uma festa comprada e que, não raro, nem exige a companhia dos outros.

Para além da produção dos bens de consumo, é preciso pensar na “produção” de nós mesmos. Isso somente podemos fazer se não nos isolarmos, mas ao contrário, se nos vermos como parte de um todo, inseridos na vida da comunidade. Há um provérbio africano que diz: “Se queres ir depressa, anda sozinho, se queres ir longe, anda acompanhado”. E eu diria: “Se queres chegar ao lugar certo, anda acompanhado”. É preciso valorizar a vida individual, mas também a vida coletiva.

Nas inúmeras paróquias de nossa Diocese de Santo André, que se estende por todo o Grande ABC, iniciamos o ano celebrando a festa litúrgica da Mãe de Jesus, que nos traz seu filho, aquele que nos pode dar a paz. São Paulo, em uma de suas cartas, escreve: “Cristo é nossa paz” (Ef 2,14). No primeiro dia do ano celebramos o dia da Paz. Após ela, a Epifania, festa da manifestação de Deus, lembrada por nós como a festa dos Santos Reis. A paz somente será possível à medida em que formos menos egoístas, à medida em que houver mais fraternidade entre nós. À medida em que reconstruirmos a vida em comunidade.

A vida não é uma paixão inútil e nem o inferno são os outros, como ensinou o filósofo Sartre. A vida é sagrada, é dádiva de Deus para ser vivida em comunhão com nossos semelhantes, construindo a paz que é fruto da justiça estabelecida como busca comum. Caminhemos juntos.

Desejo-lhes um Ano repleto de bênçãos e de paz.




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