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Vida de tenista iniciante nao é fácil
Daniel Fernandes
Da Redaçao
19/02/2000 | 19:26
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Existe um momento na carreira de um tenista em que chega a hora da verdade. Geralmente, quando o atleta atinge 18 anos, ele precisa se transformar em profissional, o que implica conquistar pontos no ranking da ATP (Associaçao dos Tenistas Profissionais). Para isso, o jogador precisa disputar torneios no exterior. Nesse momento, se talento é necessário, dinheiro e patrocinadores sao essenciais.

O limite é perverso e caso o tenista nao consiga galgar pontos no ranking da toda poderosa ATP até os 21 anos, ele corre sério risco de ter de se contentar em ser professor de tênis ou jogar apenas como hobby. Na verdade, é muito difícil para um tenista brasileiro seguir o exemplo de jogadores como Fernando Meligeni e Gustavo Kuerten, que conquistaram dinheiro e fama internacional.

Estima-se que, em um mês, o tenista em começo de carreira necessite de cerca de R$ 10 mil para disputar os campeonatos mais importantes. Os torneios, chamados de satélites e futures (futuro, em inglês), sao realizados com maior freqüência na Europa. O que acontece é que o novo profissional nao tem dinheiro ou patrocinador e acaba optando pelos torneios na América do Sul, onde a viagem fica mais em conta. Mas o nível dos participantes é inferior, assim como o número de pontos para o ranking.

O tenista de Sao Bernardo Guilherme Yuji Ochiai, com 18 anos, está vivendo atualmente a sua hora da verdade. Sempre bem colocado no ranking brasileiro juvenil, Ochiai diz que ser tenista profissional, no Brasil, é um sonho difícil. "Eu queria conseguir viver do esporte, assim como o Guga e o Meligeni", afirma, com uma ponta de desilusao. Sem patrocinador, o tenista afirma que conta com o apoio da Prefeitura de Sao Caetano. O dinheiro, como diz Ochiai, "nao cobre tudo".

A falta de verba, dessa forma, faz com que Ochiai se limite a disputar os torneios na América do Sul e Brasil. Nesta semana, ele embarca para o Chile, onde vai ficar duas semanas. Só de passagem, o tenista gastará US$ 400, além das diárias de hotéis (US$ 20) e alimentaçao (US$ 20). "Vou tentar até o meio do ano. Se nao conseguir vou para o Japao tentar a carreira lá. O nível técnico é menor, mas posso arrumar um patrocinador mais fácil", avaliou.

A situaçao da tenista Carla Tiene, 18 anos, é mais animadora. Ela pode se dedicar exclusivamente ao esporte, já que conta com o patrocínio da Brastemp. "Eu moro sozinha em Sao Caetano, minha família é de Rio Claro. Sem patrocínio, seria difícil manter casa, alimentaçao e treino", afirma. A tenista diz que, sem dinheiro, provavelmente estaria jogando apenas os poucos torneios sul-americanos e nacionais.

Para Carla Tiene, além do desafio de vencer como tenista, existe o estímulo de poder ser a primeira tenista em muitos anos - a última foi Maria Esther Bueno - a se posicionar bem no ranking da WTA, a Associaçao Feminina de Tênis. "No feminino é um pouco mais difícil do que no masculino", disse a tenista. A carreira de Carla Tiene é uma realidade mais consistente do que para Ochiai, tanto que ela já foi convocada para disputar pelo Brasil a Federation Cup, a Copa Davis do Feminino. Ela espera repetir a dose neste ano e ajudar o Brasil a conquistar uma vaga na Zona Mundial, a 1ª divisao do campeonato.

O tenista José Carlos Pinto Junior, 17 anos, é um precoce em relaçao ao profissionalismo. Antes mesmo de poder dirigir, ele já pensa em encaminhar sua carreira. "Nao adianta mais disputar torneios juvenis. O negócio é o profissional, que tem prêmios", afirmou. Segundo ele, este é o momento de partir para o tudo ou nada. Ou você consegue ser profissional ou pára de jogar". José Carlos tem uma ousada meta para 2000: ganhar alguns pontos na ATP para entrar melhor no próximo ano.




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