Economia Titulo Crise automotiva
Mercedes-Benz cogita reduzir 30% do salário

Atualmente, empresa adota PPE com diminuição de 20% na jornada e no valor pago aos funcionários

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
03/12/2015 | 07:04
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André Henriques/DGABC


Em meio ao cenário de forte retração nas vendas de caminhões neste ano e da falta de perspectivas para 2016, a Mercedes-Benz analisa, como uma das alternativas para diminuir custos na fábrica de São Bernardo, propor aos trabalhadores elevar para 30% o percentual de redução da jornada e dos salários pagos pela empresa, por meio do PPE (Programa de Proteção ao Emprego).

A legislação estabelece esse percentual como o limite máximo de diminuição pelo programa, mas, pelo acordo firmado em setembro com os empregados, a montadora reduziu em apenas 20%, o que significou um dia a menos por semana de atividade do pessoal da área produtiva e, no caso do rendimento, que os funcionários receberiam 10% menos – isso porque metade da redução salarial é bancada pelo governo federal com recurso do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

O presidente da companhia no Brasil, Philipp Schiemer, faz questão de ressaltar que essa é uma das possibilidades e que existem outras ferramentas em discussão no momento, como, por exemplo, a ampliação das férias coletivas – a fábrica para a partir de amanhã e só volta no dia 7 de janeiro. “Tudo isso precisa ser feito em acordo com o sindicato (dos Metalúrgicos do ABC)”, destaca o executivo. A entidade dos trabalhadores diz que já foi procurada para debater o aumento da folga, mas que ainda não foi consultada sobre a possibilidade de alteração nas condições do programa.

Schiemer avalia que, se a situação do mercado de caminhões zero-quilômetro no País perdurar pelos próximos meses, algo precisará ser feito para ajustar a produção na planta fabril, que conta com cerca de 12 mil empregados. O segmento nacional desses veículos, que no ano passado registrava média de 11 mil unidades vendidas por mês, neste ano vinha apresentando ritmo de 6.000 vendas mensais, mas em novembro teve apenas 4.500 emplacamentos. Para o executivo, o setor deve fechar o ano com 65 mil a 68 mil unidades comercializadas, 50% menos do que em 2014.

Um dos fatores que levaram a essa parada no mercado foi a interrupção, no fim de outubro, nas operações do PSI-Finame, do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), que tem juros reduzidos (15% ao ano) para o financiamento de caminhões e ônibus e, depois a reabertura, mas com várias mudanças de regras, que, na prática, inviabilizaram as vendas. “Teve um efeito devastador”, diz. E acrescenta: “Depois de um ano de recessão, estamos entrando em um ano de depressão”.

Para Schiemer, as perspectivas para 2016 não são boas, se as instituições, incluindo a oposição ao governo, não fizerem um pacto, pensando no bem do Brasil para superar a desconfiança dos empresários e investidores. “Se não se resolver a crise política, há risco grande de mais um downgrade (rebaixamento da nota de crédito das agências internacionais)”, cita. Hoje, a nota do Brasil nas agências Moody’s e Fitch ainda é de grau de investimento, que garante o País com o selo de bom pagador.




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