Já que o “brasileiro é apaixonado por carro”, é quase impossível pensar que ele emprestaria seu veículo, ainda mais para alguém que não conhece, certo? Errado. “Quebramos um paradigma. O brasileiro tem, sim, esse perfil e confia nas pessoas para emprestar seu automóvel”, afirma André Marin, um dos três sócios do Fleety, a primeira empresa de compartilhamento de carros da América Latina.

Além de colaborar para evitar um trânsito cada vez mais caótico das grandes cidades, a ideia do Fleety é conectar pessoas que precisam de um carro àquelas que têm um parado na garagem, baseado em princípios da economia colaborativa. Na região, as sete cidades são atendidas pelo serviço.

O proprietário (quem tem um carro para alugar) e o motorista (quem quer alugar um carro) precisam se cadastrar no site para que as medidas de segurança sejam checadas. É por meio dele que é possível identificar se ambos estão aptos tanto para dirigir quanto para emprestar um veículo com a documentação em dia.

“O motorista precisa preencher o cadastro com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), que é verificada no Detran (Departamento Estadual de Trânsito), além do CPF, que também é checado junto à Receita Federal. Já o proprietário precisa informar o Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), que tem os dados com características e histórico do veículo e do dono”, conta o CEO do Fleety.

Feito isso, o motorista pode, então, escolher um carro que se adapte ao que ele precisa e também ao tempo necessário. O valor para aluguel varia entre R$ 5 e R$ 50 a hora. “Todo carro que for alugado tem seguro e assistência 24 horas.” O pagamento é feito via site, no cartão de crédito.

Caso o veículo tome alguma multa ou cometa outro tipo de infração durante o período de locação, a responsabilidade é do motorista, segundo Marin. “Quando o proprietário recebe uma multa em casa, por exemplo, ele nos contata, fazemos o cruzamento de informação com o histórico de locação. Em 100% dos casos que tivemos de multa, o proprietário e o motorista se resolveram muito bem entre eles e o motorista assumiu tanto a pontuação quanto o valor da infração.”

Já o combustível deve ser acertado entre os dois, sem interferência da empresa. “Testamos vários sistemas no site e o que melhor deu certo até agora foi o acordo entre o proprietário e o motorista”, afirma Marin.

O posto de gasolina é, justamente, um dos lugares que o publicitário Alexandre Pereira, de São Caetano, prefere marcar para entregar seu carro aos locatários. “Já abastecemos juntos e, na volta, abastecemos novamente”, conta o proprietário de um Polo, que já foi alugado quatro vezes, principalmente para finais de semana.

“Detesto trânsito e sempre que posso utilizo transporte público. Nem todo mundo precisa de um carro e o site foi pensado para resolver essa questão”, diz Pereira, que aluga seu carro por R$ 9 a hora, com direito a ar condicionado, direção hidráulica, banco e volantes de couro.

Segundo o publicitário, o fato de o Fleety interligar com o perfil do Facebook ajuda a ter mais confiança. “O site também possui ferramenta de conversa e confio na autenticidade do cadastro que eles fazem. Só carros aptos e pessoas aptas conseguem se cadastrar.”

De acordo com André Marin, o principal papel do Fleety é dar o primeiro passo na confiança. “O segundo passo é do proprietário, que disponibiliza seu carro para desconhecidos locarem, e em terceiro lugar, o do motorista, que devolve o veículo em perfeito estado.”

Hoje, o serviço, que funciona desde fevereiro de 2014, atende 58 municípios nas regiões metropolitanas de São Paulo, Curitiba e Florianópolis.