Política Titulo Editorial
Retrocesso eleitoral
Do Diário do Grande ABC
01/12/2015 | 08:46
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Aline Pietri/DGABC


A informação publicada ontem no Diário Oficial da União, de que as eleições municipais do ano que vem serão realizadas por meio de voto manual por falta de dinheiro, faz o Brasil retroceder no tempo. Há 15 anos, o País fazia história e se tornava referência mundial em tecnologia e segurança ao realizar o primeiro pleito totalmente informatizado do planeta. Quando se imaginava que o processo estivesse sedimentado, depois de superadas todas as desconfianças iniciais, eis que o imponderável mostra suas garras e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) reaviva mecanismo totalmente anacrônico.

O argumento de que a determinação se deve ao contingenciamento orçamentário imposto pelo governo federal, que vai desidratar o repasse de verbas públicas à Justiça eleitoral em R$ 428 milhões, é bastante frágil. Como não há nada mais importante para o TSE do que a hora do voto, chama a atenção que o tribunal escolha penalizar exatamente o momento sublime.

Não haveria outras maneiras de absorver o impacto do corte de verbas, anunciado em momento em que toda a Nação aperta os cintos? Exemplo? Que tal impor determinados limites às mordomias dos senhores ministros? Mas fazer a lição de casa impediria que o TSE agisse como marqueteiro de terceira categoria, cujo único interesse é chamar a atenção da sociedade. O Tribunal Superior Eleitoral não pensou no Brasil ou nas cidades, mas apenas em fazer política barata.

Em qualquer lugar do globo, todos os esforços seriam feitos para evitar retrocessos. Especialmente os que causassem impactos importantes – alguém se lembra da demora na apuração e nas fraudes existentes na época das cédulas em papel? Infelizmente, medidas como as tomadas agora pelo seu maior tribunal eleitoral demonstram que o Brasil segue despreparado para o grande salto rumo ao primeiro mundo, ou ao menos para atingir o patamar onde se localizam os países sérios. O TSE marcou tremendo gol contra. Mas o jogo ainda não acabou. Espera-se resquício de bom-senso capaz de, em tempo, restabelecer o uso das consagradas urnas eletrônicas.  




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