Economia Titulo Indústria
Setor químico encolhe na região

De janeiro a outubro, área cortou 2.492 vagas;
número se deve sobretudo à falta de contratações

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
25/11/2015 | 07:02
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Marina Brandão/DGABC


Segunda atividade industrial mais importante em termos de empregos no Grande ABC, atrás apenas do setor metalúrgico, o segmento químico fechou 2.492 postos de trabalho de janeiro a outubro, resultado de 7.537 demissões e 5.045 admissões.

O saldo (diferença entre desligamentos e contratações), no entanto, não se deu por uma disparada no volume de pessoas mandadas embora, mas sim pelo fraco movimento de abertura de vagas, aponta estudo realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e divulgado ontem. “É uma profunda crise de confiança no futuro”, destaca o economista do Dieese Thomaz Jensen.

Os números da pesquisa mostram isso. A indústria química – que abrange fabricantes de petroquímicos básicos, resinas plásticas, embalagens, cosméticos, tintas e outros itens e que empregava no fim do ano passado 37.610 pessoas nos sete municípios – registrou, de janeiro a outubro de cada ano desde 2009, mais pessoas demitidas do que no mesmo período de 2015.

Nos primeiros dez meses de 2014, por exemplo, 8.575 trabalhadores dessa atividade perderam o emprego, ante 7.435 contratados, o que resultou em saldo negativo de 1.140. Mesmo no auge da crise financeira global, em 2009, foram cortados 341 postos, mas isso se deveu à diferença entre 7.600 desligamentos e 7.259 admissões.

Segundo o economista do Dieese, o cenário econômico deste ano, em que toda a atividade industrial teve redução de 6% (de janeiro a setembro ante mesmo período de 2014), gera postergação de investimentos e também de contratações. Em relação ao aporte de recursos, números do Banco Central permitem projetar que 2015 encerrará com considerável queda no investimento externo direto no setor químico. Neste ano até agosto, totaliza US$ 2,5 bilhões, ante US$ 3,7 bilhões em 2014 e US$ 3,9 bilhões em 2013.

RETRAÇÃO - O setor encolheu em postos de trabalho e, ao mesmo tempo, houve a troca de profissionais por outros menos remunerados. O estudo mostra que, em âmbito nacional, de janeiro a agosto, a indústria química fechou 19.211 vagas e, o salário nominal médio dos que foram admitidos no período era de R$ 1.621,30, enquanto o dos desligados estava em R$ 1.885,28, ou seja, retração de 14%.

Em alguns ramos do segmento, o trabalhador tem boa remuneração. Na média de todos os empregados na atividade em 2014, a remuneração era de R$ 3.387,74. No Grande ABC, a média é semelhante (R$ 3.492), mas alguns ramos se destacam, como petroquímicos básicos (R$ 9.586,96), que gera 917 postos diretos; tintas e vernizes (R$ 5.104), área que emprega 5.134 pessoas na região; e resinas termoplásticas (R$ 4.546,79), com 1.307 trabalhadores.

FALTA DE ACORDO - O setor químico pode encolher ainda mais no Grande ABC se a Braskem fechar sua central petroquímica na região. De acordo com projeção feita pelo Sindicato dos Químicos do ABC, a eventual desativação dessa unidade fabril ameaçaria a continuidade de quase todos os empregos do setor, ou cerca de 31 mil postos, nos sete municípios.

Há poucos dias, o presidente da Braskem confirmou que existe o risco de fechamento das fábrica no polo do Grande ABC, se não se chegar a acordo de longo prazo com a Petrobras, para que a estatal garanta o fornecimento do insumo (no caso, nafta, que é um derivado do petróleo). A continuidade dessas operações também seria um problema, porque 60% da arrecadação de Mauá e 30% da de Santo André provêm do polo petroquímico.

No entanto, o presidente do sindicato, Raimundo Suzart, tem a expectativa de que o acordo de longo prazo saia antes do dia 15 de dezembro, quando vence o quinto aditivo, que prorrogou o contrato de suprimento do insumo por mais 45 dias. 




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