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Volks investe R$ 3,1 bi em S.Bernardo
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
25/03/2011 | 07:30
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O Brasil já é o segundo maior mercado para a Volkswagen, conquistando em 2010 15% de participação nas vendas globais, com 697 mil unidades comercializadas, e superando a Alemanha. Hoje, a filial brasileira está atrás apenas da China. Isso é resultado, além do cenário econômico favorável, com crédito farto e financiamento facilitado, de um plano de investimento iniciado no ano passado com prazo até 2014 da ordem de R$ 6,2 bilhões. Para a fábrica de São Bernardo, a maior das quatro unidades, serão aplicados, no fim dos quatro anos, 50% do total: R$ 3,1 bilhões.

O montante foi revelado em coletiva com o presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall. Quanto ao reforço da mão de obra, o executivo foi reticente. "Onde há investimento, consequentemente há contratações. Porém, não consigo precisar um número, já que também dependemos de acordos com o sindicato. Vamos esperar como o mercado se comporta", disse.

Existe uma relação entre montadora e sindicato que, antes de serem anunciadas as vagas, é preciso negociar as condições de trabalho dos novos funcionários.

O grupo Volkswagen pretende alcançar a liderança do mercado mundial em 2018. Hoje, a líder é a Toyota. No Brasil, a montadora também ocupa a segunda colocação, atrás apenas da Fiat.

Questionado sobre o que seria mais importante, se a ampliação do volume de vendas ou o lucro - já que os modelos da marca partem de valores mais elevados - Schmall foi categórico: "O market share não paga o almoço. O que paga é o lucro da empresa."

A Volks, porém, tem a intenção de produzir linha mais popular, e feita no Brasil por conta do menor custo de fabricação, mas não foi divulgado prazo para isso.

Quanto à competição com os chineses, que anunciaram a chegada ao Brasil ameaçando a conquista de parcela significativa do mercado, Schmall afirma: "Cão que late não morde".

Os chineses, na avaliação do executivo, estão fazendo muito barulho, mas o público-alvo deles é outro. "Eles vão entrar com carros mais baratos e fisgar o consumidor que está comprando seu primeiro carro zero. Mas será que o chinês vai chegar ao nível de um Jetta ou Tiguan?."

Vendas superam crescimento do mercado

Em 2010, o mercado de veículos encerrou o ano com vendas de 3,3 milhões de unidades. Para este ano, a expectativa de vendas do setor automotivo é de alta de 5%.

Segundo o presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, a montadora alemã pretende, em 2011, acompanhar o crescimento do mercado. "Prefiro crescer no longo prazo do que registrar expansão de dois dígitos e em dois anos não crescer mais nada. Além disso, incremento desses acaba gerando inflação, que um dia você é que paga a conta disso tudo", justifica.

Do início do ano até o dia 23 foram comercializadas, em todo o País, 663.411 unidades - considerando automóveis e comerciais leves -, 9,6% a mais do que no mesmo período de 2010. A Volks vendeu 148.426, alta de 18,8%. Schmall afirma que até o fim do mês esse percentual deverá cair para 10% a 12% por conta de base de comparação mais forte. Na segunda quinzena de março de 2010, consumidores anteciparam compras devido aos últimos dias de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido.

O balanço do primeiro trimestre deverá representar ganho de 1,2 ponto percentual no market share, considerando a venda de 30 mil carros a mais. "Conseguimos isso sem grande lançamentos, o que mostra a nossa força."

Alta do aço não terá impacto imediato nos preços dos carros

O reajuste de 10% no custo do aço nacional não terá, em um primeiro momento, impacto no preço dos automóveis, isso porque as montadoras possuem contrato de longo prazo com as siderúrgicas. Na avaliação de Thomas Schmall, entretanto, mais para frente esse aumento deverá ser repassado ao consumidor.

"Em um carro, 80% de seu custo são provenientes dos gastos com matéria-prima e, desse total, 50% se devem somente ao aço", explica Schmall.

Atualmente, 30% do aço utilizado na confecção de um veículo é importado. E a tendência com a alta do produto nacional é que as importações se elevem.

No Grande ABC já existem autopeças que, para sobreviver à enxurrada de componentes importados e manter a competitividade, acabam comprando o metal dos chineses.

"Nossas maiores preocupações hoje são a matéria-prima, a infraestrutura e a educação. Principalmente educação, afinal, precisamos de mão de obra especializada para fazermos carros com mais tecnologia", diz o empresário.




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