A TV Omega tem até terça-feira, às 18h, para informar à Justiça como pretende pagar as parcelas dos salários atrasados dos funcionários da ex-TV Manchete e assinar um termo de compromisso para o cumprimento desse pagamento. Dependendo do que a produtora que controla a nova RedeTV! informar, o Ministério Público pode entrar com uma açao civil contra a empresa.

A decisao de dar à empresa prazo até o dia 1º foi tomada nesta sexta-feira, pelo procurador do Trabalho Cássio Casagrande, após uma audiência que reuniu 150 funcionários da ex-Manchete, representantes da TV Omega e da Hesed Participaçoes, no auditório da Procuradoria Regional do Trabalho, no centro do Rio. Ao receber a concessao da Manchete, a TV Omega se comprometeu com o governo federal a pagar todos os salários atrasados da emissora e a quitar as dívidas que a Manchete tinha com o INSS, FGTS e Imposto de Renda. Os atrasados trabalhistas foram parcelados em 12 vezes. A TV Omega pagou metade das parcelas e interrompeu o pagamento em novembro do ano passado.

O diretor-administrativo da Rede TV! no Rio, Rogério Simoes, informou que a medida foi tomada porque a TV Omega nao reconhece ser a sucessora da Manchete, como a Justiça declarou em outubro do ano passado. Cabe ao sucessor arcar com todas as dívidas e responsabilidades da empresa sucedida. "Essa açao de sucessao movida pelo Grupo Bloch atrapalhou todo o processo", afirmou Simoes. "Nós queremos cumprir o que foi estabelecido no acordo original".

Para o procurador Casagrande, essa alegaçao nao procede. "Vou aguardar as informaçoes de como pretendem fazer o pagamento", afirmou o procurador que teve a atitude questionada pelos funcionários.

Na opiniao do diretor do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, Alberto Jacob Filho, a TV Omega nao tem o dinheiro necessário para fazer os pagamentos. "Duvido que apresentem uma proposta, pois a tática da empresa tem sido a de empurrar com a barriga qualquer tipo de pagamento", disse. Jacob Filho informou que o sindicato mudou sua estratégia sobre o assunto. Por sugestao de parlamentares, em vez de lutar pela cassaçao da concessao da ex-Manchete, a idéia, agora, é tentar transferi-la para outro grupo. Segundo Jacob Filho, quem mostrou ao sindicato que esse caminho é viável foi o deputado Harold de Oliveira (PFL-RJ). "Dessa forma, é possível evitar que os trabalhadores fiquem no prejuízo", afirmou o dirigente.