A polícia israelense impediu nesta terça-feira que dois candidatos às eleições legislativas palestinas fizessem campanha em Jerusalém Oriental anexada e ocupada - onde a realização do pleito depende da autorização de Israel.

Vários policiais e agentes de fronteira detiveram brevemente o candidato independente Mustafá Barghuthi e obrigaram a deputada candidata à reeleição, Hanan Achrawi, a encurtar o início de sua campanha para as eleições de 25 de janeiro na parte oriental da cidade santa.

Achrawi, de 59 anos, vive na cidade de Ramallah na Cisjordânia, mas tem documento de identidade de Jerusalém e foi eleita deputada por esta cidade nas precedentes e primeiras eleições palestinas, em 1996.

"Não é um sinal positivo", declarou a chefe dos observadores europeus que acompanham as eleições palestinas, Veronique De Keyser.

A polícia deteve Barghuthi por não dispor de um visto israelense para entrar em Jerusalém, onde o candidato independente previa começar sua campanha eleitoral. Depois de ser levado a uma delegacia da cidade, foi posto em liberdade pouco depois.

Barghuthi foi o adversário de Mahmud Abbas nas presidenciais de janeiro de 2005 e lidera a chapa A Palestina Independente.

Depois de libertado, o candidato independente negou a possibilidade de pedir um visto israelense para ir a Jerusalém porque isso equivaleria a reconhecer a autoridade de Israel sobre a parte árabe da cidade, onde nasceu em 1954.

"Jerusalém faz parte dos territórios palestinos ocupados e deverá tornar-se a capital do futuro Estado palestino", afirmou Barghuthi.

O premier palestino, Ahmad Qorei, reagiu assinalando que "as eleições não serão realizadas sem Jerusalém".

"Todos os candidatos devem poder fazer campanha livremente em Jerusalém", disse.

Israel reagiu à participação do movimento radical Hamas nas eleições e ainda não se pronunciou sobre a questão de Jerusalém.

Os palestinos de Jerusalém Oriental participaram das legislativas de 1996 e das presidenciais de janeiro de 2005.