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Trânsito para na região do Paço de S.Bernardo

Fato ocorre porque as principais vias do
município dão acesso, justamente, ao Paço

Daniel Macario
Do Diário do Grande ABC
11/10/2015 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC:


Paciência. Essa é a palavra chave que motoristas e pedestres precisam levar consigo caso necessitem se deslocar pela região central de São Bernardo. Isso porque vias localizadas no coração do município são atualmente os principais pontos de congestionamento da cidade. O problema é reflexo da falta de planejamento urbano e de baixo investimento em modais de transporte.

Com frota diária de aproximadamente 620 mil veículos circulando por seu território. São Bernardo registra diariamente cerca de 21 pontos de congestionamento nos horários de pico (entre 6h30 e 8h30 e das 17h30 às 19h30). Segundo a Prefeitura, o trânsito parado nestes dois períodos chega a 35 quilômetros de extensão, podendo ser maior nos dias de chuva.

Entre motoristas, a opinião sobre os congestionamentos no entorno do Paço de São Bernardo é unânime: “Não tem dia ou horário que esse trânsito dê moleza”, declara o vendedor Wilson Batista dos Santos, 24 anos.

O fato ocorre porque as principais vias do município dão acesso, justamente, ao Paço. Estes são, inclusive, os trechos com maior fluxo de veículos na cidade: Rua Marechal Deodoro, avenidas Brigadeiro Faria Lima, Lucas Nogueira Garcez, Piraporinha e Dr. Rudge Ramos.

“Ver o trânsito na frente do Paço, Poupatempo, terminal de ônibus, Parque da Juventude e do Shopping Metrópole é a mesma coisa que estar num filme todo confuso, sem pé nem cabeça”, considera o auxiliar administrativo Celso Macedo, 33.

A área central do município é exemplo de falta de planejamento e, com isso, de espaço adequado para ônibus, ciclistas e, principalmente, pedestres. “Todo mundo briga diariamente por um espaço aqui”, relata a recepcionista Silmara Simões, 45.

O Centro sofre ainda com falta de área destinada aos ciclistas. Atualmente, São Bernardo possui 4,4 quilômetros de extensão de ciclovias, sendo que destes somente 900 metros estão próximos da região central, localizado na Avenida Pery Ronchetty. “O pior de tudo é que essa região recebe muito ciclista. Não só porque é ponto central da cidade, mas também em razão do Parque da Juventude”, diz o porteiro Carlos Alberto Gonçalves, 47.

Com apenas uma faixa exclusiva de ônibus, localizada na Avenida Dr. Rudge Ramos, o Centro também representa caos para passageiros na ida e volta do trabalho. Para agravar a situação ainda mais, a invasão de veículos no corredor exclusivo dos coletivos é uma constante. De janeiro a agosto deste ano, a fiscalização eletrônica localizada em três pontos ao longo do corredor registrou 22.343 autuações de veículos que invadiram o local destinados ao transporte público. Isso significa média diária de 93 infrações.

Além dos congestionamentos, passageiros ressaltam a falta de integração entre as linhas municipais. “Quem mora em bairro distante precisa de várias conduções. Poderia ter linha que fizesse o trajeto todo entre bairros afastados”, observa a comerciante Sueli da Silva, 35.

Não bastasse este cenário, pedestres se arriscam entre os veículos para atravessar as principais vias da região, embora haja passarelas. A principal justificativa é a falta de segurança nos equipamentos. “Eu não passo por lá (passarela) nunca. Sempre tem assalto, principalmente, na saída do (Shopping) Metrópole”, diz a faxineira Rita de Cássia Fonseca, 38.


Obras espalhadas pelo município agravam ainda mais os engarrafamentos

A realização de obras viárias em pontos da região central São Bernardo tem contribuído para agravar ainda mais os congestionamentos. Embora a Prefeitura tenha realizado intervenções viárias na tentativa de desviar o trânsito local, o que se vê é a piora do quadro.

“O problema nas ruas de São Bernardo, além da grande quantidade de carros, é que as vias estão sempre em obras que não ficam prontas nunca. Elas (obras) acabam passando mais de anos atrapalhando o trânsito que já é caótico”, relata a designer Débora Mabelini, 22 anos, que vai para a cidade todos os dias a trabalho.

De acordo com a Prefeitura, atualmente, o município conta com projeto para a construção de 11 corredores municipais e dois regionais. Dentre as vias que serão contempladas estão: avenidas Lauro Gomes, João Firmino, Dr. Rudge Ramos, Senador Vergueiro, Brigadeiro Faria Lima e Rotary.

Considerado um dos principais projetos viários, a construção do Corredor Leste Oeste – em andamento desde o início do ano – é uma das obras que tem causado transtornos. “Trabalho no São Bernardo Plaza Shopping e lá virou um caos só”, relata a vendedora Tatiana de Andrade, 19.

Procurada pelo Diário, a Prefeitura não retornou ao pedido de entrevista com o secretário de Transportes e Vias Públicas Oscar José Gameiro Silveira Campos, para falar sobre os problemas pontuados por moradores.  




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