Política Titulo Editorial
Relações perigosas
Do Diário do Grande ABC
09/10/2015 | 08:28
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Aline Pietri/DGABC


Desde 15 de setembro, o promotor de eventos Paulo Guerreiro, 47 anos, responde pela chefia de serviço de atualização cadastral da Prefeitura de Diadema, na qual deve receber mensalmente R$ 4.000 dos cofres públicos. Ocorre que ele nunca compareceu ao serviço. Sua ocupação atual é no gabinete do vereador governista Reinaldo Meira (PSC). Por quê? Boa pergunta, à qual não existe explicação plausível a não ser, para dizer o mínimo, a confusão que permeia a gestão do prefeito Lauro Michels (PV).

Embora esteja prestes a embolsar seu primeiro salário, Guerreiro se surpreendeu ontem ao ser questionado sobre seu trabalho na Prefeitura. Demonstrando até certa ingenuidade, parecendo não saber que confessava o típico fisiologismo que caracteriza as relações políticas entre Legislativo e Executivo no Brasil, disse à equipe do Diário que ignorava a nomeação, mas vivia a expectativa de ser contratado porque o vereador lhe garantira que indicaria seu nome para o cargo.

Reinaldo Meira, necessário relembrar, é o mesmo que foi flagrado, em gravação feita em 2013, dizendo que havia a prática de cobrança de propina e a existência de funcionário fantasma no governo Lauro Michels. No áudio, o legislador tenta convencer uma mulher a ir trabalhar na Prefeitura em cota dada pelo prefeito em troca de apoio na Câmara. O jornal revelou o caso na edição de 15 de março, mas até hoje, ao que tudo indica, absolutamente nada mudou.

É lamentável ver político eleito sob signo da esperança, ao suplantar hegemonia petista no comando do município, rumar para o último ano de mandato acumulando tamanha quantidade de trapalhadas e suspeitas. Se o novo episódio não demonstrar má-fé por parte dos envolvidos, o que não é possível afirmar antes de investigação aprofundada, comprova ao menos a desorganização da administração capitaneada por Lauro Michels. Em qualquer um dos casos, o diademense acaba arcando com o prejuízo. Como se a cidade tivesse dinheiro sobrando nos cofres para gastar com lambanças dessa ordem.  




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