O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que somente em 2008 vai discutir as possíveis medidas que o governo terá que tomar para compensar o fim da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), tributo que gerava cerca de R$ 40 bilhões por ano aos cofres públicos mas foi derrubado pelo Congresso Nacional e deixará de existir a partir de 1^o de janeiro de 2008.

Durante entrevista coletiva em um café da manhã com jornalistas em Brasília, Lula deixou claro que não haverá nenhum pacote econômico. Segundo ele, serão implementadas pelo Palácio do Planalto apenas algumas medidas administrativas emergenciais. “Essa derrota (da CPMF no Senado) não me preocupou”, assinalou. “Não fiquei nem um pouco nervoso, não perdi nem meio minuto de sono”, completou.

De acordo com o presidente, os mais preocupados com esta situação devem ser os ministros da área econômica, como Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento). “Mas nós acharemos uma saída para compensar”, declarou.

Lula ainda falou que nenhuma medida drástica deve ser tomada quando “a febre ainda está alta”, ou seja, logo depois de uma batalha desgastante no Parlamento. “Nenhuma medida é certa quando feita por vingança e por resposta”.

Na entrevista, o chefe de Estado brasileiro não perdeu a oportunidade de mais uma vez criticar os partidos de oposição ao seu governo (PSDB e DEM), principais responsáveis pela queda do chamado ‘imposto do cheque’. Ele lembrou que os 27 governadores e seis mil prefeitos do país eram favoráveis à manutenção da CPMF.

“É muita pobreza de espírito quem votou contra a CPMF por que achou que o Lula ficaria mais forte e poderia fazer o seu sucessor nas eleições de 2010”, lamentou.

Programas – Segundo o presidente da República, os programas sociais do governo, como o Bolsa Família, e o PAC (Programas de Aceleração do Crescimento) não serão de forma alguma afetados devido ao fim do tributo.

No entanto, ele fez uma ressalta e disse que neste momento o ‘PAC da Saúde’ está travado, pois no ano que vem todo o dinheiro arrecadado com a CPMF iria para este setor.

Ele fica – Durante a conversa com os jornalistas, Lula disse que neste momento não há nenhuma hipótese de tirar Guido Mantega do comando do Ministério da Fazenda. “Ele tem feito um trabalho excelente. É a mesma coisa que depois de o Corinthians ganhar de 5 a 0 do Grêmio trocar de técnico”, comparou.

Para o presidente da República, a economia brasileira fechará o ano com crescimento de pelo menos 5% e irá superar este índice em 2008. Por enquanto, a expectativa do Banco Central é de crescimento de 4,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2007. “Vamos crescer um pouquinho mais a cada ano”.

Na entrevista, Lula ainda falou que Gilberto Gil continuará sendo o ministro da Cultura, mesmo ele próprio tendo dito que deixará a Pasta para cuidar dos seus problemas de saúde.

O presidente desconversou sobre a possibilidade de indicar o senador Edison Lobão (PMDB-MA) para o ministério de Minas e Energia já em janeiro. A possibilidade foi alentada na quarta-feira pelo líder peemedebista no Senado, Valdir Raupp (RO).

O Ministério de Minas e Energia é ocupado interinamente desde maio por Nelson Hubner, que assumiu o lugar de Silas Rondeau, que se afastou do cargo após ter seu nome envolvido com o escândalo de fraudes em licitações públicas, descoberto pela Operação Navalha da PF (Polícia Federal).