Política Titulo Eleição
Candidatos da Acisa pleiteiam mudança
Fábio Martins
do Diário do Grande ABC
23/01/2012 | 07:59
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Os candidatos à disputa pela presidência da Associação Comercial e Industrial de Santo André Evenson Dotto, diretor do Diário do Grande ABC, e Flávio Martins, vice-presidente da Sociedade Oliveira Lima e Região, garantem promover mudanças no rumo da entidade, caso sejam eleitos, em decorrência da insatisfação com a falta de ações da atual direção. Para concorrer à sucessão de Sidnei Muneratti, marcada para quinta-feira, os pleiteantes convergem com a percepção de distanciamento do pequeno empreendedor.

A perda de peso da Acisa, outrora interferindo nas discussões políticas da cidade e podendo barrar iniciativas impopulares dos órgãos públicos, ficou no passado, por isso o tema é levantado pelas campanhas. A perspectiva de ambos direciona para resgatar o poder conquistado até hoje.

O desagrado primordial, segundo Evenson, com o atual comando se deve a carência de ampla discussão prévia para qualquer tomada de decisão. "Estamos descontentes, razão pela qual montamos chapa dissidente para tirar do papel nossas ideias. Várias coisas dariam para ser feitas de forma diferente. Muita coisa chega pronta, assinada, sem debate."

Para Flávio, a direção está deixando "um pouco a desejar" pela falta de efetivo desenvolvimento de trabalhos que poderiam ser aplicados, seja com relação a projetos de melhorias para beneficiar o comércio ou ao poder público. "Tivemos uma grande surpresa com a ausência do prefeito Aidan Ravin (PTB) num dos principais eventos da entidade (festa de Natal), que reuniu 18 mil pessoas. É a primeira vez que isso acontece em 12 anos", disse ele, acrescentando que o episódio denota um enfraquecimento da relação. "Tem de restabelecer de forma séria e sem submissão."

A Acisa possui um faturamento bruto anual de aproximadamente R$ 4 milhões. A entidade serve para contribuir com a prestação de serviços aos associados, que pagam de forma voluntária a taxa de inscrição. Justamente essas empresas têm direito a voto na eleição, caso estejam com ingresso superior a um ano e com situação financeira em dia diante da associação.

O número de aptos para o pleito, contudo, ainda está indefinido. Os candidatos receberam uma lista com 3.788 filiados, mas somente com 2.080 com direito a voto. Porém, segundo informações, a quantidade pode ser alterada. "Há grande dúvida. Nossa chapa não teve conhecimento da lista correta. Isso atrapalha, a gente liga para a pessoa e ela diz que não é associada. Perde-se tempo, mas acho que não vai atrapalhar a campanha", argumentou Evenson. Flávio citou que os candidatos estão em igualdade de condição. "Não vejo que isso possa trazer alguma interferência.

Flávio visa fomentar ligação com pequeno empreendedor

DIÁRIO-O que difere sua candidatura da de Evenson Dotto na eleição?

FLÁVIO MARTINS - Acho que trago diferencial para a gestão. Nem vou dizer que é a experiência. É a vivência. Dia a dia dos 12 anos de Acisa e seis de Sol. Sou comerciante do centro da cidade, nasci na Oliveira Lima. Minha ligação com comércio é grande. Tenho estacionamento instalado no centro. Meu ramo de atuação é na área de comercialização e administração imobiliária. Essa vivência é um destaque. Isso que quero reproduzir. Não quer dizer fazer de novo o que foi feito. Quero implantar uma novidade.

DIÁRIO - Quais são suas principais propostas para fortalecimento da Acisa?

FLÁVIO - Proposta básica se refere ao pequeno empreendedor. Aquele comerciante, industrial, prestador de serviço que está instalado, escondido nos bairros, que tem dificuldade para mostrar o produto à comunidade. Esse é o foco de gestão. Atuar diretamente nos bairros, trazendo as demandas. O Crediacisa vem exercendo atividade importante no financiamento ao pequeno empreendedor, temos de trazer e mostrar as oportunidades. Outra coisa é o Sebrae, um parceiro. Unir o Sebrae com empreendedor e levar informações necessários para desenvolvimento do negócio.

DIÁRIOCaso vença o pleito, o sr. pretende mudar o estatuto da instituição?

FLÁVIO - Muita coisa precisa ser revista. Até na profissionalização da entidade, como a questão de voluntariado. Nenhum integrante da diretoria tem remuneração. Dentro da Acisa deve ter corpo de ação que seja profissional em funções essenciais na área administrativa. A ideia é trazer diretores comerciais, de marketing, operação, para estabelecer metas e cobrar resultados.

DIÁRIO - O que o sr. planeja fazer para aquecer os comércios de bairro?

FLÁVIO - Há necessidade de investimento em bairro. A Rua Coronel Oliveira Lima (no Centro), por exemplo, é comparada com um shopping. Temos vantagens que shoppings não possuem. Temos preço. Não temos associação de lojista, verba de publicidade, condomínio, o custo operacional é conveniente. E isso vale para todos os bairros. As vantagens são imbatíveis. Além disso, nos aproximar com o associado, podendo divulgar num portal as informações, mídia constante, lewsletter. Temos que equilibrar isso para competir nesse mercado

DIÁRIO - Como o sr. prospecta promover a interlocução com os gestores públicos?

FLÁVIO - De forma profissional e responsável, sem submissão, tratando de interesses do associado exclusivamente, nunca políticos. Realizando, sempre que necessário, manifestações politizadas, e não política. Nossas ações devem ser separadas de coloração política. Posições atuantes como no caso do IPTU, isso machucava a cidade na década de 1990. Na ocasião era o Ambrósio. Ele fez movimentação na cidade para impedir que houvesse aumento abusivo do IPTU naquele ano. E conseguiu o que é mais importante. A Acisa conseguiu.

DIÁRIO - De que forma o sr. pensa em administrar os recursos da entidade?

FLÁVIO - Temos elenco grande de serviços. Crediacisa, Departamento de cobrança, câmara de mediação de arbitragem, que não funcionou nos últimos 12 meses. Serviços de seguro-saúde. Antes de criar novos, precisamos otimizar aquilo que já tem. É falta de comunicação. Vamos criar novos serviços até pelo avanço tecnológico. Temos um site com informações restritas. Acho importante que associado viva o site. Criação de webmail para associado. Freqüentando o site e girando informação.

DIÁRIO - O sr. visualiza ainda a mesma força da Acisa se comparado a outros anos?

FLÁVIO - É uma das entidades mais fortes e críveis do Grande ABC. Todo mundo leva a sério, que respeitam. Mas certamente perdemos um pouco da força em determinado momento e isso temos de recuperar agora.

Evenson planeja atuação para redução da carga tributária

DIÁRIO - O que difere sua candidatura da de Flávio Martins na eleição?

EVENSON - A vontade de trabalhar e o querer ser presidente. Da nossa parte, queremos ser presidente. O outro candidato fala que já tinha sido escolhido e teria de ser a vez dele. Nós queremos trabalhar para mudar a Acisa, ser mais ágil, inovar na forma de prestar serviço, propostas diferentes, levar ao rumo onde já esteve. Não dá para falar a questão de ser jovem, porque não significa muita coisa. Pessoal está com alta vontade, garra, gás, determinação.

DIÁRIO - O que o sr. acredita que deve ser mudado?[/23.TXT_PERG]CS10.5

EVENSON - Temos de arrumar a casa primeiro para poder atingir nosso objetivo, de conseguir mais associados, divulgar a entidade para fora. Temos representantes de diversos segmentos comerciais. Essa é uma decisão para conquistar a aproximação com o associado. O pessoal que está na nossa chapa vai ficar focado no bairro onde atua, pois sabe das demandas, priorizando em conjunto para mudar a forma de atuar. Mais próximo do bairro. Ouvir mais, mostrar o papel da Acisa e demonstrar transparência.

DIÁRIO - Internamente o que é preciso alterar para melhorar o andamento da entidade

EVENSON- Um plano de desenvolvimento. Fazer uma gestão moderna. Acabei de encerrar MBA na Fundação Getúlio Vargas. Pegar formas de governança corporativa, de gestão empresarial e colocar dentro da Acisa. Treinar e valorizar o pessoal. Com estrutura, pessoal motivado, fluxo funcionando, consegue melhor serviços. A Acisa é uma gigantesca prestadora de serviço. Com isso, conseguiremos atender o associado de uma forma que ele possa sentir satisfeito.

DIÁRIO - Como o sr. acredita que deva ser a relação com o poder público?

EVENSON - Temos de estreitar relacionamento. Sendo definido os candidatos nas convenções, vamos marcar uma data para realizar uma conversa, abrindo espaço aos prefeituráveis exporem suas ideias e a gente vai colocar o que precisa ser feito. Vamos colocar propostas que acreditamos ser boa.

DIÁRIO - A participação, na sua concepção, também deve envolver discussões políticas

EVENSON - Acredito que devemos discutir o que acontece na Câmara. Aumento de vereadores a Acisa é contra. Em relação a obra da Aquapolo (na Avenida dos Estados), independente do transtorno, é bom para a cidade. Mantém investimento, água mais barata para as indústrias. Poderia ter sido feito de outra forma. Pedir agilidade e pressão da Prefeitura. A associação deveria ter feito cobrança, pois atrapalhou a movimentação. A questão da falta da luz. A prefeitura não refez contrato da iluminação pública. Isso prejudica o comércio. Tem de reclamar, se manifestar. Não é se aproximar por amizade, mas para defender os interessas da sociedade.

DIÁRIO - Existe outro ponto que o sr. defende de modificação na atuação da entidade? EVENSON - Tem de se aproximar das demais entidades, as outras associações da região, do Ciesp, de outros sindicatos patronais, como posto de gasolina, padarias, alimentação, farmácia, açougue. Juntos conseguiremos mais força.

DIÁRIO - O sr. pretende fomentar a discussão com a administração para reduzir a carga tributária?

EVENSON - O ISS tem limitação federal. Abaixo de determinado valor não pode alterar. O que está acima podemos brigar. Para hospitais o ISS aqui é mais caro. Tem setores que pagam mais impostos do que se tivessem em São Bernardo. Queremos rever isso. Reduzindo pode ganhar mais, trazer investimento. Incentiva a virem para cá, ou investimento das que já existem ou novas empresas. Talvez tenha interferência na receita, dá uma abaixada depois volta a subir. Podemos aproveitar que a cidade está tendo aumento de arrecadação. Em vez de gastar todo dinheiro, deveria reduzir o imposto. Lucro para incentivar a indústria e comércio.




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