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GM cogita aderir ao PPE devido ao excesso de trabalhadores

Sindicato diz que ainda não foi chamado para conversar e operários temem volta de lay-off

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
12/09/2015 | 07:10
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Denis Maciel/DGABC


Ao admitir que a General Motors, assim como a maioria das montadoras, possui excedente de mão de obra em algumas fábricas, a exemplo de São Caetano, o presidente da companhia no Brasil, Santiago Chamorro, revelou que está conversando com o sindicato dos metalúrgicos sobre a possibilidade de adoção do PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que reduz jornada de trabalho e salários em até 30% – com a metade complementada por recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) – e, dessa maneira, manter os empregos. A informação foi concedida em entrevista à Agência Autodata de Notícias.

Procurada, a GM disse que não comentaria. Questionado, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, respondeu que, por enquanto, a direção da empresa ainda não o contatou para conversar sobre aderir à ferramenta. Nos corredores da montadora e nos grupos de WhatsApp, chamadas ‘rádio-peão’, o assunto já chegou. E a sensação é de medo. “Todos os trabalhadores estão tensos, tanto os que estão na fábrica como os que estão em lay-off (suspensão temporária dos contratos). Os funcionários estão divididos, alguns são a favor e, outros, contra o PPE. Mas a verdade é que não temos informação oficial a respeito, pois, até o momento, ninguém falou nada para a gente”, contou um dos operários, que pediu para não ser identificado. “A preocupação é grande porque toda semana vemos gente sendo demitida. Nosso maior desejo é que isso pare.”

De fato, se o PPE for implementado na GM, os trabalhadores terão seus salários diminuídos, mas seus empregos mantidos, pois o programa exige da empresa estabilidade durante todo o período da redução e mais um terço do prazo. O governo federal concede a contrapartida de recursos do FAT e permite que o PPE seja adotado por até seis meses, renováveis por mais seis. Considerando que a companhia opte pela ferramenta por um ano, os empregos serão garantidos por um ano e quatro meses.

RETORNO - A GM tem aproximadamente 920 trabalhadores excedentes em São Caetano, quase 9% de um total de 10,5 mil. Exatamente os operários que estão afastados por meio do lay-off, informou Cidão. No dia 9 de outubro regressam em torno de 400 funcionários, afastados desde novembro do ano passado. No dia 15, serão mais cerca de 500, que estão fora desde maio. “O que nos preocupa é o grupo que volta primeiro, pois, para eles, o lay-off já foi renovado, e não dá para afastá-los novamente”, disse. E esse pessoal, que originalmente era composto por 819 empregados, teve pouco mais da metade demitida em julho.

Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostram que, de janeiro a agosto, os licenciamentos de automóveis da GM em todo o País caíram 29,5%, totalizando 220,5 mil e os de picapes (41.320 unidades vendidas) recuaram 25,5%. “As vendas de carros estão muito fracas. Mesmo com os dois feirões realizados recentemente, não houve muito avanço”, conta Cidão. Em julho, a estimativa era de que havia 65 mil veículos da montadora em estoque.

Quanto à produção, até novembro de 2014, quando ainda havia o terceiro turno, eram fabricados 56 veículos por hora e, agora, com dois turnos, são 36 a cada 60 minutos. Considerando que a jornada de trabalho é de 7,33 horas por turno, são 14,66 horas diárias. Em outras palavras, são fabricados 528 carros por dia, enquanto no fim do ano passado eram 821.  




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