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Maria Inês diz que agora é mais fácil governar
Leandro Laranjeira
Do Diário do Grande ABC
05/08/2001 | 20:36
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A prefeita de Ribeirão Pires, Maria Inês Soares (PT), disse ao Diário que negociará as dívidas mais urgentes com relação a precatórios, um dos principais problemas enfrentados pelo município. “Faremos isso com as dívidas que temos condições de honrar, pois desde o primeiro dia de governo tomei essa posição com a minha equipe, de fazer o nosso governo com seriedade.”

A prefeita comentou como está o andamento do projeto que pretende tornar Ribeirão Pires uma cidade turística, do Fórum da Cidade e da possível candidatura do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), ao Senado. “O Celso está apto a pleitear qualquer cargo. Mas, neste momento, acho que ele deve cumprir seu mandato até o final.”

Maria Inês comentou ainda que não há a hipótese de apoiar o prefeito de São Caetano, Luiz Tortorello (PTB), ao governo do Estado, por ser um representante da região. “Apoiarei um candidato do PT, seja de qual região for.”

DIÁRIO – Qual a avaliação que a sra. faz da administração atual? É mais fácil administrar agora, após a reeleição, onde a cobrança é maior, ou antes, no início do primeiro mandato?
MARIA INÊS SOARES – Sem dúvida alguma, é muito mais fácil agora. A grande diferença é que antes não tínhamos nenhuma informação do que era a máquina pública, qual a situação do município, quais os credores que tinham para receber, quais as dívidas, enfim, não tínhamos os dados que necessitávamos. Tínhamos uma máquina para administrar que não conhecíamos e essa era a principal dificuldade. Isso não acontece hoje, pois sabemos exatamente o terreno sobre o qual estamos edificando nossas ações. Por outro lado, temos dificuldades tão grandes como aquelas que tínhamos há quatro anos.

DIÁRIO – Quais dificuldades, por exemplo?
MARIA INÊS – Enfrentamos um período de transição no que diz respeito à administração pública e esse período ainda está correndo. Todos os problemas decorrentes desse fato não foram resolvidos na sua totalidade, como a dívida, por exemplo. Tínhamos, há quatro anos, um orçamento meio comprometido com dívidas (a prefeita disse que hoje esse valor caiu para menos de um orçamento). Outro problema que incomodava eram as dívidas de obrigações patronais. Quando o município deve obrigações patronais, ele não pode obter a CND (Certidão Negativa de Débitos), e fica como se estivesse com o nome sujo no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e, conseqüentemente, impossibilitado de receber qualquer tipo de financiamento, inclusive de recursos que venham dos governos estadual e federal. O problema é que essa certidão tem um prazo limitado que tem de ser renovado de seis em seis meses. Se ficar um mês sem pagar a dívida, tenho a certidão. Outra grande parte da dívida é com relação aos precatórios judiciais.

DIÁRIO – E como está a situação dos precatórios em Ribeirão Pires?
MARIA INÊS – Nenhuma dívida de precatório foi feita no meu governo, são dívidas históricas, temos até uma desapropriação da década de 50. Pela Constituição de 1988, os precatórios deveriam ser parcelados em 8 anos e isso não foi feito em Ribeirão. A Constituição diz, ainda, que quando a Prefeitura não paga precatório, o Estado tem de nomear um interventor. Acontece que os governadores exitavam em fazer isso, pois sabiam que a maior parte dessas dívidas era impagável. Mas negociaremos as mais urgentes, que tenhamos condições de honrar, pois desde o primeiro dia de governo tomei essa posição com a minha equipe de fazer o nosso governo com seriedade.

DIÁRIO – Como está o andamento do projeto de tornar Ribeirão Pires uma cidade turística?
MARIA INÊS – O que dá uma consistência para esse projeto é o fato de estarmos em uma cidade com muitas vantagens locacionais para esse tipo de empreendimento. Ela tem o melhor clima, talvez da região metropolitana inteira. Em nenhuma das 39 cidades da região metropolitana você vai encontrar um ar mais puro que o nosso. Você não vai encontrar uma cidade que tem 50% de seu território coberto por mato. Você tem a represa Billings no seu lado mais limpo, além de ter um visual maravilhoso. Enfim, temos muitas condições de oferecer uma das melhores qualidades de vida da região, embora do ponto de vista econômico tenhamos dificuldades por ser área de mananciais, em que não é qualquer tipo de indústria que pode se instalar. Conseguimos projeto de elevação da cidade, na qualidade de Estância Turística, agora estamos brigando com a Secretaria de Turismo para podermos realizar nossos projetos, que vão desde a valorização dos pontos turísticos à urbanização deles.

DIÁRIO – Com relação ao Fórum da Cidade, o que significará à cidade e aos seus munícipes?
MARIA INÊS – O Fórum da Cidade é uma seqüência do que seria o Fórum do Desenvolvimento Sustentável, que realizamos no governo anterior. É um governo de continuidade, mas é um novo governo, por isso temos de aperfeiçoar alguns mecanismos que utilizamos no mandato anterior. O Fórum da Cidade é um espaço de planejamento participativo, em que discutiremos o planejamento da cidade em questões relacionadas a um conjunto de ações de desenvolvimento econômico, urbano, meio ambiente, saúde, educação, desenvolvimento social. Agora, iremos dar continuidade a este projeto.

DIÁRIO – Qual a opinião da sra. com relação a um possível afastamento do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), para a disputa do Senado?
MARIA INÊS – Ele nunca me perguntou nada a respeito do assunto. Na minha opinião, o Celso não deve deixar o cargo para concorrer a nada, deve terminar seu mandato e depois estará apto a pleitear qualquer cargo, pois capacidade para isso ele tem. Considero o Celso um dos melhores políticos que temos no país, sua história o credencia para qualquer cargo. Mas, nesse momento, acho que ele deve cumprir seu mandato até o final.

DIÁRIO – O prefeito de São Caetano, Luiz Tortorello (PTB), declarou que pretende concorrer ao governo do Estado. Existe a hipótese de a sra. apoiá-lo por ser um candidato da região?
MARIA INÊS – Não. Apoiarei o candidato do PT, seja de onde for. Temos nossos próprios princípios partidários e uma coisa é buscar o bom relacionamento com prefeitos da região de outros partidos, outra coisa é defender um candidato que tem outra metodologia, diferente da nossa.




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