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Alto preço do cimento e do aço deve encarecer imóveis
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
28/11/2008 | 07:00
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A alta do preço de insumos como cimento e aço, matérias-primas fundamentais para a construção civil, deve influenciar no preço dos imóveis.

Enquanto o segmento passava por um boom imobiliário no decorrer deste ano, o aumento não era sentido. Mas, com a desaceleração do setor a partir de outubro, quando a crise financeira internacional retraiu a oferta de crédito e muita gente deixou de financiar, o repasse começou a ser feito.

De acordo com levantamento realizado pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), os custos das construtoras com a aquisição de cimento aumentaram em média até 19% e até 22% nos preços do aço nos últimos três meses.

No Grande ABC, uma das regiões onde foi registrado uma das maiores elevações, o preço do saco do cimento subiu de R$ 14,91 para R$ 17,75. Além disso, 20% das construtoras da região relataram atrasos esporádicos, o que resultou em um impacto momentâneo no cronograma das obras.

Para José Otávio Carvalho, secretário executivo do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento, a alta do preço não significa que isso tenha partido da indústria. "Com o crescimento da demanda, alguns fabricantes entraram no limite da produção e enfrentaram problemas com manutenção, o que gerou atrasos nas entregas. Isso provocou uma especulação sob o preços", defende.

CONSTRUTORES
Segundo Milton Bigucci, proprietário da M.Bigucci Construtora, "esse aumento já ocorre há algum tempo, mas nos últimos dois meses, com a diminuição do ritmo na construção, os fornecedores não diminuíram o preço dos itens".

Bigucci afirma que um aumento normal é de 1%, 2%, e não de 19%. Portanto, "o preço do apartamento tem de subir, pois ninguém consegue assimilar esse aumento". Ele, entretanto, não consegue mensurar de quanto é esse impacto.

Rosana Carnevalli, diretora-adjunta regional do SindusCon-SP, conta que o indicador da construção civil, o CUB (Custo Unitário Básico), vem registrando alta, mas como é um índice anual, ainda não ainda não é possível saber que impacto haverá. Em outubro, a variação foi de 12,17%, em comparação a 2007.

"Estamos brigando para que os preços diminuam, pois o valor do aço no exterior está em queda, não faz sentido aqui ter aumento. A retração da exportação está fazendo com que compensem no mercado interno".

Caso o custo dos produtos não recue, Rosana afirma que haverá inflação em toda a cadeia produtiva, e inevitavelmente isso será repassado. "Se o CUB subir mais que o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), o salário das pessoas não acompanhará os custos da construção. Então será causado um desequilíbrio nos contratos, que pode gerar inadimplência".




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