Economia Titulo Trabalho
Saldo de empregos formais na região é o pior desde 2003

Somente em julho, 4.027 postos de trabalho com carteira assinada foram fechados no Grande ABC

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
22/08/2015 | 07:14
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André Henriques


O Grande ABC atingiu em julho o pior saldo de geração de empregos com carteira assinada desde 2003, ano em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu a Presidência da República. No mês passado, 4.027 vagas formais foram fechadas na região, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego. O montante supera os 2.903 cortes dos primeiros sete meses de 2014.

De janeiro a julho, a diferença entre contratações e demissões ficou negativa em 22.036 – também o pior resultado desde o início das administrações petistas. De lá para cá, o saldo mais baixo havia sido o de 2009, auge da crise econômica, com 15.780 cortes. No acumulado de 12 meses, a partir de agosto de 2014, foram somadas 30.696 demissões.

Apesar do cenário negativo, os dados mensais apresentaram pequena melhora, já que em junho o saldo foi de 5.721 dispensas. Entretanto, o professor Marcos Antonio de Andrade, do curso de Ciências Econômicas da Universidade Mackenzie, não vê motivo para comemorações. “Eu não avalio mês a mês, e sim o período. Se olhar de um mês para o outro, existem sazonalidades. Não dá para dizer que teve recuperação”, pondera.

A maior parte dos cortes ocorreu na indústria. Em julho, o setor demitiu 2.331 pessoas, o equivalente a 57,9% do total registrado no mês passado. No acumulado de 12 meses, o percentual subiu para 62,4% – foram 19.161 demissões.

A cidade mais afetada pelo desemprego é São Bernardo que, neste ano, eliminou 11.696 postos formais – 53% do registrado em todo o Grande ABC. Entre agosto do ano passado e julho de 2015, o saldo foi negativo em 14.712.

Diadema ocupa o segundo lugar entre os municípios da região que mais demitiram no ano e no acumulado de 12 meses. Foram 4.697 desligamentos em 2015 e 6.674 de agosto de 2014 até o mês passado.

Para o professor Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, o fato de a maior parte das dispensas ter ocorrido em São Bernardo e Diadema está ligado à forte atividade industrial nessas duas cidades. “A indústria é o segmento mais prejudicado pela crise, então é natural que os municípios que tenham mais dependência dessa atividade sejam mais afetados”, comenta.

Balistiero estima que a indústria automotiva pode ter algum aquecimento nos próximos meses. Isso porque, nesta semana, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal fizeram acordo com as montadoras para facilitar a liberação de crédito para a fabricação de automóveis no País. Entretanto, ele avalia que os saldos de emprego devem continuar negativos nos próximos meses. “Acho que deixaremos de piorar no ano que vem, mas com melhora só a partir de 2017.”

Já Andrade espera que a recessão permaneça até o primeiro semestre do ano que vem. “A situação pode melhorar se essa agenda negociada entre o governo e o Congresso para impulsionar a atividade econômica no País for implantada o mais rápido possível.” A pauta apresentada à equipe da presidente Dilma Rousseff (PT) tem três eixos: melhoria do ambiente de negócios e infraestrutura; equilíbrio fiscal e proteção social.
 




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