Quase toda semana falta água na casa da podóloga andreense, moradora do bairro Parque Novo Oratório, Ana Paula Machado, 45 anos. Para se adaptar à crise hídrica, ela precisou mudar os hábitos de consumo, principalmente na hora de limpar a casa. Essa economia pode representar cerca de 20% de redução na conta de água, aponta o professor de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia Hélio Narchi.

“Atos simples acabam desperdiçando muito. Tomar pequenas medidas no dia dia, mas que eliminem o uso de água sem necessidade, acaba dando diferença significativa na conta”, afirma Narchi.

Foi o que notou Ana Paula, quando deixou de lavar a casa com mangueira e passou a usar baldes com uma medida de solução de essência (para perfumar o ambiente), duas de álcool diluídos em um terço de água para limpar o chão. “O efeito não é exatamente o mesmo, mas foi a alternativa mais eficiente que encontrei”, conta.

Ela também deixou de lavar roupa com tanta frequência. “Antes eram três vezes por semana, hoje, acumulo a roupa de todos e faço a lavagem em um dia só”, conta a podóloga, que dedica um dia inteiro para essa tarefa, já que sua família tem cinco pessoas. O número de lavagens aumenta, mas ela ainda aproveita a água do enxágue. “Uso para lavar o quintal. E, às vezes, para dar descarga também.”

Narchi orienta que, além de juntar a roupa, que se junte a louça para lavar de uma só vez, pois a torneira será aberta e fechada quantidade menor de vezes. “Uma torneira ligada gasta de dez a 12 litros por minuto. Dois minutos de desatenção com a torneira ligada são mais de 20 litros desperdiçados”, afirma.

O professor de Engenharia Hídrica da Universidade Mackenzie Antônio Eduardo Giansante fala da importância de diminuir o consumo na hora da faxina. “Não temos previsões de mais chuvas nem de quando a situação hídrica irá se normalizar. Quando um coletivo entra em crise, reflete em todos os aspectos de serviços diários, por isso é preciso investir em novos hábitos, ou até mesmo resgatar os antigos.”

Para Giansante, algumas atitudes comprometem o total conforto da dona de casa, mas trazem bons resultados. “Reutilizar água do banho, por exemplo, ao colocar uma bacia para recolher o líquido, pode ajudar a limpar pisos.”

Essa foi a dica que a auxiliar de limpeza Amélia Coltinho, 51, de Diadema, resolveu adotar. “Antes eu reutilizava água da chuva. Já convenci meu marido a tomar banho em cima de uma bacia bem grande.” O casal percebeu que gastava muita água com a lavagem do quintal. “Temos três cachorros, e não dá para ficar sem limpar. Água do banho é a solução enquanto não volta a chover.”

A orientadora de público Conceição Lima de Azevedo, 38, de São Bernardo, preferiu adotar medidas mais radicais. “Coloquei arejadores nas torneiras de casa. Isso economizou bastante na conta, porque como meus filhos me ajudam nas tarefas de casa, estava difícil fazer eles terem consciência. Desse jeito eles economizam na marra.”

Outra ideia valiosa é a utilização de borrifador para pequenas superfícies. “Troquei as esponjas com baldes para limpar os vidros por uma solução limpa-vidros e água no borrifador.”

Ela também decidiu lavar o quintal com a água da máquina de lavar roupas. “Passo um pano úmido no quintal, já que temos piso. Às vezes, esfrego com a vassoura um pouco da água com sabão, mas não enxáguo. Uso o pano.”