Economia Titulo Comércio exterior
Exportações do Grande ABC crescem pelo 3º mês seguido

Região deve fechar 2015 com alta nas vendas externas; no ano até julho, há queda de 0,48%

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
18/08/2015 | 07:11
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Denis Maciel/DGABC


As exportações do Grande ABC registram crescimento pelo terceiro mês seguido, o que traz a perspectiva de fecharem 2015 com expansão em relação ao ano passado. Em julho, as empresas dos sete municípios obtiveram US$ 538 milhões com vendas a outros países, 5,7% mais que em junho, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Por enquanto, no acumulado dos sete primeiros meses de 2015, os embarques de produtos da região ao mercado internacional ainda somam faturamento 0,48% menor na comparação com igual período de 2015, ao totalizarem US$ 3,034 bilhões. Porém, a tendência é positiva. No ano até junho, as vendas externas estavam 3,88% abaixo em relação à metade inicial do ano passado e, de janeiro a maio, a variação era negativa em 9,58%.

Vender ao Exterior tem sido a saída para as indústrias da região, em meio ao cenário de economia do País em crise. “É uma questão de sobrevivência buscar novos horizontes, o mercado interno está parado”, assinala o vice-diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, Anuar Dequech Júnior.

Para as empresas ganharem espaço no comércio internacional, conta de forma decisiva a valorização cambial. Em 1º de janeiro, a moeda norte-americana (câmbio comercial) estava em R$ 2,69 e, ontem, atingiu R$ 3,48, ou seja, apreciação de 30%. Isso significa que o produto brasileiro vai obter 30% mais em reais com o mesmo preço praticado em dólar. “Nesse patamar, começa a ficar interessante”, acrescenta Dequech Júnior. Ele explica ainda que, para a retomada de clientes lá fora, depois que as empresas deixaram de fazer negócios com outros países, pela falta de competitividade, normalmente leva-se de seis meses a um ano. “Agora começa a se ver resultados”, diz. “E o mercado externo está crescendo, Estados Unidos, Europa, até o Japão dão sinais de crescimento”, observa o professor Jeferson dos Santos, da faculdade de Administração e Economia da Universidade Metodista. Ainda segundo o dirigente do Ciesp, para grandes empresas multinacionais, que têm unidades produtivas em outras partes do mundo, é mais fácil a adequação a essa nova realidade de mercado interno fraco e exportações mais vantajosas. É o caso da fabricante de caminhões Scania, que, em razão do desaquecimento da economia brasileira, está adaptando seus volumes de produção ao novo nível de demanda. Atualmente exporta 60% do volume de sua fábrica em São Bernardo e, com isso, atende mercados na América Latina, na África, na Oceania e no Oriente Médio.

Não à toa, São Bernardo, que é o principal polo automotivo nacional, com fábricas de cinco montadoras, registra alta de 4,35% nas vendas ao Exterior, de janeiro a julho, em relação ao mesmo período de 2014. Enquanto isso, a comercialização de veículos no mercado interno em todo o País tem queda de 21%.


Câmbio ajuda indústria a ampliar encomendas a outros países

A crise econômica tem levado muitas empresas a passarem dificuldades, por causa da retração no consumo no País, mas há indústrias que começam a se beneficiar do câmbio valorizado para exportar mais, e também para competir em melhores condições com os itens importados.

É o caso da Mazzaferro, tradicional fabricante de linhas de pesca sediada em Diadema. A empresa exporta desde a década de 1950, principalmente para países da América Latina, e durante os últimos anos, manteve a clientela lá fora, apesar de ter perdido margem de lucro na época em que o dólar estava a R$ 1,50. “A competitividade agora voltou”, afirmou o presidente da companhia, Maurizio Mazzaferro. Atualmente, em torno de 30% da produção é destinada a outros países. Neste ano, o crescimento em reais das vendas ao Exterior chega a 80%, parte disso por causa da valorização cambial. “Atingimos em oito meses o mesmo valor do ano passado inteiro nas exportações”, disse.

O executivo assinala que, de forma geral, a empresa deve crescer de 4% a 5%, apesar de o mercado interno ter encolhido. Ele cita que também se beneficiou da saída de concorrentes importadores, que deixaram de operar no País, por causa do câmbio desvantajoso para quem compra itens de fora. A queda do consumo e a valorização do dólar são dois fatores que explicam a retração de 22% nas importações do Grande ABC neste ano até julho em relação ao mesmo período de 2014.
 




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