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Vila Conceição tem família esportista e amigo do prefeito
Nelson Donato
especial para o Diário
14/08/2015 | 21:04
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Anderson Silva/DGABC:


A adoração pelos exercícios físicos corre nas veias da família Silva, residente da Vila Conceição, em Diadema. A decoração da casa da matriarca Marcia Bernadete da Silva, 48 anos, praticante de boxe há cerca de 30, é recheada de medalhas, troféus e fotografias, frutos das conquistas e momentos vividos dentro do esporte. Um dos orgulhos do clã é o filho Rubens Eduardo Antônio Bispo da Silva, 13. Além de corredor, o garoto também se dedica a uma amizade inusitada: ele troca e-mails com o prefeito da cidade onde vive, Lauro Michels (PV), para compartilhar suas experiências.

A maior incentivadora do esporte na família é Marcia. “Os exercícios fazem muito bem para o corpo. Já fui árbitra e sou juíza desde 2000”. Um dos momentos mais marcantes, segundo ela, foi quando a moradora atuou como juíza de uma luta do boxeador Acelino Freitas, o Popó, um dos ícones do esporte no Brasil. “Ele é um lutador diferenciado. Dava para ver pelos seus movimentos. Fico muito feliz que ele vai sair da aposentadoria, acho que ele tem grandes chances de vencer a próxima luta.”

Vivendo em meio a ambiente estimulante para a prática de atividades físicas, Rubens não teve dúvidas de qual caminho seguir. O garoto compete desde que tinha 3 anos de idade. Nos seus primeiros passos na corrida, já chamou atenção pelo seu desempenho acima da média. Aos 6 anos, ganhou uma corrida em Diadema em categoria que abrangia competidores até quatro anos mais velhos do que ele. “Ele foi criado no meio do esporte e sempre gostou de corrida. Além disso é um garoto muito inteligente e estudioso e sempre que pode me ajuda”, comenta a mãe.

Marcia lembra ainda que o filho lutou pela vida desde o dia em que veio ao mundo. “Ele nasceu com cinco meses e 18 dias, curiosamente no dia 11 de setembro de 2001 (dia dos ataques terroristas às Torres-Gêmeas em Nova York). Fizemos uma verdadeira peregrinação por várias igrejas, sempre rezando para ele vencer essa difícil situação”, lembra a boxeadora.

As orações surtiram efeito e hoje Rubens é atleta do São Paulo. Para ele, uma das suas corridas favoritas e na qual se destacou foi uma competição do Criança Esperança. “Fiz um bom tempo e fui abordado pelo pessoal do clube. Depois de alguns teste, fui contratado”, conta.

Feliz com o desempenho, o garoto aproveitou para dedicar sua conquista à filha recém-nascida de seu amigo virtual. “Fiz um sinal de coração com as mãos para o prefeito Lauro Michels. Conheci ele durante uma inauguração. Desde então trocamos vários e-mails”.

A amizade entre Rubens e o prefeito surpreende. “Sempre que vou correr, ele me deseja boa sorte. Dedico todas as minhas vitórias para ele. Também conto como está a minha rotina e ele sempre responde muito rápido”, orgulha-se o garoto.

O jovem atleta guarda com carinho um cartão que recebeu do amigo no dia em que os dois se conheceram. “Gosto dele porque é um prefeito novo e sempre está ajudando as pessoas. Sempre que tem uma inauguração estou lá”. Rubens afirma que seu segundo maior sonho é que Michels conheça sua casa. “O meu maior desejo é competir e representar Diadema”, explica.

Uma das inspirações de Rubens é a tia, Maria das Dores da Silva, 54. Corredora profissional, ela lembra que levava seu sobrinho para os treinos. “Eu o deixava perto da pista e sempre que passava por ele diminuía o ritmo para vê-lo melhor. Suas primeiras palavras foram: corre mais rápido”, lembra. Orgulhosa, ela mostrou para a equipe do Diário seu uniforme da cidade de Diadema. “Olha que lindo! Sempre que corro, eu uso. Tenho muito orgulho de ser daqui e fico muito feliz em representar a nossa cidade.”

Técnico agrícola é contador de histórias nas horas vagas

A figura do contador de histórias que alegra aqueles que estão ao seu redor faz parte de cultura brasileira. Aliada a essa característica, o carisma e a irreverência dos baianos tornam os contos ainda mais interessantes e divertidos.

Residente da Vila Conceição e técnico agrícola do Jardim Botânico de Diadema, Diego Gabriel Cardoso dos Santos, 28 anos, é natural de Caetité, na Bahia, e adora relatar suas aventuras aos colegas de trabalho. Enquanto ele fala, todos prestam atenção a cada detalhe e esperam os inusitados desfechos para caírem na gargalhada.

A mais curiosa das histórias diz respeito à sua tática para tentar seduzir as mulheres nos bailes. “Eu tinha um molho de chaves com várias marcas de carros. Em cada festa eu levava uma e deixava o símbolo da marca para fora do bolso da calça para chamar a atenção. Lembro que, quando deu certo, tive de pedir para a moça esperar eu pegar meu carro, pois estava longe. Acho que ela está me esperando até hoje”, diverte-se.

Outra história que faz sucesso é a da degustação da pinga rara do seu tio. “Eu estava sem nenhum dinheiro e estava com vontade de tomar um gole. Meu tio não bebia, então decidi beber um pouco da garrafa mais velha que tinha lá. Para ele não suspeitar, enchi o que faltava com água. Ele só descobriu seis meses depois”.

Além de lado irreverente, Santos revela que dá aulas de jardinagem. “Minhas alunas adoram as aulas. Sempre querem cada vez mais conhecimentos sobre o assunto”, diz.

Em Diadema há oito anos, ele lembra com saudade de sua terra natal, mas diz que o jeito dos vizinhos de bairro faz com que ele se sinta em casa. “Gosto muito daqui, as pessoas são receptivas. É muito bom, no caminho de casa, encontrar os vizinhos no portão e contar mais histórias.”

Comerciante acompanha mudanças do bairro

O ritmo acelerado das grandes cidades imprime mudanças drásticas no modo de vida das pessoas em espaços de tempo cada vez menores. Tais mudanças fazem com que a saudade de eras mais pacatas torne-se uma constante entre a população mais velha.

O comerciante Roberto Bastos, 54 anos, acompanhou muitas destas transformações ao longo dos 23 anos em que reside na Vila Conceição. “Lembro-me que, quando mudei para cá, as ruas eram de terra e as pessoas sentiam-se mais seguras para sair de casa”.
De acordo com Bastos, a pior coisa que poderia ter acontecido foi a construção do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Diadema, na Caramuru. “Este é o nosso pior vizinho. Depois da instalação do presídio, a violência aqui na região aumentou muito e as pessoas não sentem-se mais seguras para sair de casa”, lamenta.

Um dos eventos que mais deixam saudades no morador é a festa junina que era organizada no bairro no passado. “Era muito legal, tinha barracas de comidas, como churrasco e doces. Eu adorava a de pesca. Era um ambiente familiar, que fazia muito bem para todos. Infelizmente acabou há seis anos.”

Dono de um estabelecimento situado na Avenida Dom Pedro I, Bastos fica feliz por conseguir reunir amigos e vizinhos no local. “Aqui o pessoal se junta para beber, conversar. A maior parte é de pessoas que moram no bairro há muito tempo. Também gostamos de jogar sinuca, mas ainda não organizamos um campeonato.”
 




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