Setecidades Titulo Deslizamentos
Mauá inova no alerta a tragédias

Município é primeiro do Brasil a instalar sensores
que indicam possibilidade de deslizamento de terra

Vanessa de Oliveira
13/08/2015 | 07:07
Compartilhar notícia
André Henriques/DGABC


Cenário de deslizamentos que mataram quatro pessoas em 2011, a área do loteamento Chafik/Macuco, no Jardim Zaíra, em Mauá, terá a partir de setembro uma ETR (Estação Total Robotizada), aparelho que irá monitorar qualquer indício de movimentação de terra. O equipamento integra o Projeto de Sensores Geotécnicos de Pesquisa e de Monitoramento dos Morros para Prevenção de Deslizamentos, lançado ontem na cidade.

A ETR é fornecida pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e da Tecnologia. O município é o primeiro do País a receber o sistema. Outras oito cidades – das regiões Sul, Sudeste e Nordeste – também contarão com a iniciativa em breve. “Estão sendo priorizadas algumas áreas suscetíveis a riscos ou com histórico de desastre natural”, disse o diretor do Cemaden, Osvaldo Moraes. Campos do Jordão tem estação semelhante, instalada em um projeto-piloto coordenado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e pelo próprio Cemaden.

Tecnologia suíça, a ETR é um aparelho com sensor geotécnico que emite sinal a laser, o qual é refletido em 100 espelhos (denominados prismas) que serão instalados nas casas da área. Esses sinais emitidos permitem captar até pequenas movimentações de terra dos morros, abrangendo uma área circundada de encostas em 360 graus, cobrindo até 2,5 quilômetros de extensão.

O aparelho ficará em uma cúpula de vidro e será fixado no Cras (Centro de Referência de Assistência Social) Macuco. Além da ETR, serão instaladas 15 plataformas de coleta de dados, que incluem pluviômetro e seis sensores de umidade do solo, para identificação de movimentos de massa de terra com antecedência de até três dias e, assim, fornecer subsídios para emissão de alertas prévios. “Os dados chegam em tempo real na sala de operação do Cemaden (sediada em São José dos Campos e em Cachoeira Paulista, no Interior). Em cada sala tem, no mínimo, um meteorologista, um hidrólogo, um geólogo e um técnico de desastres naturais, 24 horas, todos os dias”, explicou Moraes. “O Cemaden passa o alerta para a Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração, que faz o contato com a Defesa Civil do município”, completou.

O investimento do Cemaden para todo o processo é de, aproximadamente, R$ 3 milhões e a empresa Leica Geosystems, fornecedora da aparelhagem, fará a implantação, prevista para iniciar no dia 28, levando até 20 dias para conclusão. O representante da companhia, Patrick Pires, enfatiza a importância da colaboração da comunidade para a máxima preservação dos prismas. “Qualquer movimentação que não seja do terreno ou da encosta, o equipamento vai identificar e pode gerar uma informação incorreta para o Cemaden. Então, uma ação pode ser tomada simplesmente porque alguém movimentou de forma voluntária esse prisma”, argumentou.

O prefeito Donisete Braga (PT) salientou a relevância do projeto para a região que o abrigará. “Quando cheguei ao Zaíra – amanhã (hoje), completa 39 anos – o bairro tinha sequer 5.000 famílias. Houve uma ocupação desordenada (hoje, são quase 100 mil pessoas) e é preciso ter preocupação com políticas de planejamento para evitar catástrofes. Esse processo de prevenção trabalha na linha de pensar o conceito de uma cidade moderna”, afirmou.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;