Política Titulo Editorial
Proteção ao emprego?
Do Diário do Grande ABC
01/08/2015 | 09:08
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Aline Pietri/DGABC


A cada dia que passa, robustece-se a desconfiança de que o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), anunciado com grande pompa pelo governo federal como solução às demissões em massa causadas pela crise conômica, resultará em grande fiasco – mais um, aliás, do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), que mal completou meio ano. Embora as projeções tenham sido bastante otimistas, até o momento os efeitos são nulos. A Mercedes-Benz, por exemplo, acaba de confirmar que vai passar o facão em setembro. Calcula-se que a unidade da fabricante de ônibus e caminhões em São Bernardo tenha 2.000 postos excedentes.

No mesmo dia em que o governo federal anunciou o PPE, em 6 de julho, o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan, afirmou que a iniciativa permitiria que a economia brasileira saísse do momento de crise. Menos de um mês depois, todavia, com o programa em pleno andamento, a Mercedes-Benz anuncia cortes.

Este Diário havia feito alerta sobre a eficácia da medida tão logo os detalhes do plano foram divulgados. A cautela do jornal devia-se ao fato de que algumas empresas, inclusive a própria Mercedes, já tinham proposto algo semelhante – redução de jornada e de salário como contrapartida à manutenção dos postos de trabalho por determinado período, geralmente um ano –, com resultados pífios.

A verdade é que, mais uma vez, todo o ônus provocado pelos efeitos da crise está sendo transferido para as costas do trabalhador. Negociar nestes termos e condições é extremamente difícil porque é como dar à outra parte espécie de ultimato: ou aceitam a redução nos valores do contracheque ou serão demitidos. Feita dessa maneira, a proposta se aproxima de chantagem, difícil de ser digerida. É certo que a classe operária nunca vai se furtar a dar, de boa vontade, sua parcela de contribuição na batalha nacional para recolocar a economia do País nos trilhos. Desde, evidentemente, que o esforço seja conjunto. A luta é de todos; que todos lutem.
 




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