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Caminhao-pipa pode contaminar a água
Maurício Rodrigues
Da Redaçao
12/08/2000 | 20:24
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   A populaçao que recebe abastecimento por meio de caminhoes-tanque corre o risco de beber água contaminada. Os problemas começam na perfuraçao dos poços artesianos e se estendem até a distribuiçao do produto. Para o diretor Uriel Duarte, 58 anos, do Cepas (Centro de Pesquisa de Aguas Subterrâneas) do Instituto de Geociências da USP (Universidade de Sao Paulo), o maior perigo está no transporte do líquido. "Infelizmente, alguns empresários chegam a transportar água em veículos limpa-fossa", alertou Duarte.

Segundo o especialista, o comprador deve conhecer e pedir a documentaçao, principalmente análises do produto. "Ninguém compra um carro por telefone. Agua é a mesma coisa", salientou Duarte. No Grande ABC sao transportados, em média, 12 milhoes de m3 de água por ano. O faturamento mensal atingiria R$ 3 milhoes. Pelo menos 20 empresas operariam na regiao.

A engenheira civil Leila Carvalho Gomes, 45 anos, diretora de Recursos Hídricos do Daee (Departamento de Aguas e Energia Elétrica), explicou que a água nao pode ser vendida. "A água é um bem público e nao pode ser comercializada", disse. Segundo ela, a saída legal para esse tipo de comércio é a cobrança do transporte. "Na verdade, as empresas cobram o frete", explicou a diretora.

Leila afirmou que o Daee recebe mensalmente 150 denúncias de perfuraçoes de poços. Desse total, 20% seriam de moradores do Grande ABC. A fiscalizaçao, quando constata a irregularidade, autua o responsável e pode até lacrar a obra. "Em alguns casos, a perfuraçao poe em risco a estabilidade do terreno. A providência é aterrar o buraco", disse a diretora.

Por causa da municipalizaçao do serviço, as prefeituras ainda estao criando procedimentos para fiscalizar o comércio de água. Isso cria uma deficiência no controle da atividade. "Fazemos uma fiscalizaçao aleatória e também mediante denúncias", disse o médico sanitarista Wagner Kuroiwa, responsável pela Vigilância Sanitária estadual em Sao Bernardo, única cidade do Grande ABC que nao possui setor próprio de Vigilância Sanitária.

Segundo os consultores Raul Colombo, 36 anos, e Romano Colombo, 39, a falta de chuvas, somada à deficiência de abastecimento, tornam as vendas de água um negócio lucrativo. "É só perfurar o poço, retirar a água, encher o caminhao e entregar ao consumidor. Mas esse processo requer técnicas e procedimentos especializados. Muita gente está fazendo isso de qualquer jeito", disse Romano.

O consultor explicou que a implementaçao de um poço artesiano dentro das normas custa entre R$ 45 mil e R$ 90 mil. "Um geólogo vai indicar a área mais adequada", alertou o consultor. A água obtida na perfuraçao deverá passar por análises, onde serao verificados os índices de manganês e ferro e de coliformes, além da coloraçao.




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