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Entidade muda Jardim Palermo

Assistente social auxilia jovens carentes do entorno e acompanha melhorias que o Lar Escola Jêsue Frantz promove na vida da comunidade

Yago Delbuoni
especial para o Diário
21/07/2015 | 07:07
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Claudinei Plaza/DGABC


A assistente social Nailde Correia de Souza, 37 anos, vive há 24 deles no Jardim Palermo, em São Bernardo, onde atua no Lar Escola Jêsue Frantz. A instituição existe há 33 anos, tem nove unidades no Grande ABC e há três anos realiza atividades com jovens carentes do entorno. São oferecidas oficinas de capoeira, dança, teatro e preparação para o primeiro emprego.

Nailde garantiu que o bairro mudou após a chegada da entidade. “Os jovens se sentem bem. Hoje percebemos que muitas famílias nos procuram espontaneamente para saber sobre o trabalho que fazemos. É um espaço em que a comunidade confia. Os adolescentes gostam de frequentar as atividades.”

Nailde contou que os atendidos são agradecidos à fundadora da entidade, Ilda Batista Dias, 66. “Fui apresentar a fundadora para eles, que a receberam com muita gratidão. Eles disseram: ‘Obrigado, você nos devolveu a alegria de viver’. É algo emocionante de se presenciar.”

Apesar de o foco ser voltado para as crianças, o espaço recebe pessoas de várias idade. “Quinzenalmente temos um encontro com adultos e o espaço fica cheio. Não precisamos fazer muita divulgação. A comunidade abraçou a entidade”, disse a assistente social.

Questionada sobre a importância da unidade para o bairro, Nailde mencionou as oportunidades de emprego “A gente divulga vagas de trabalho, avisa os pais sobre chances de empregos. A família procura a entidade. Alguns jovens conversam com a educadora o que não conversam nem com as mães. Fazemos a ponte com os parentes para estimular sempre o diálogo e a solução dos problemas apontados.”

ENTIDADE - A fundadora e diretora do Lar Escola Jêsue Frantz disse que tudo começou a partir do sonho de um mundo melhor, de uma sociedade justa com direitos e deveres. “Fui construindo e reparti o sonho com as outras pessoas que me ajudaram.”

Questionada sobre a relação do espaço com a comunidade, Ilda mencionou e explicou o lema do organização: Lar Escola. O que queremos está em cada um de nós. “O ‘lar’ simboliza a família, onde há acolhimento. Somos uma família social para a juventude. Já o ‘escola’, entendo que todos precisamos de educação, não apenas a formal, mas também a informal. A união destes nomes representa o fortalecimento de vínculo e da comunidade.”

Ilda destacou que a atuação em rede é importante para a instituição. “Não há como trabalhar sozinho. Sabemos dos problemas da comunidade e atuamos em parceria com os equipamentos disponíveis, como a UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro. Não é um trabalho isolado. Cada um faz a sua parte para produzir o bolo.”

A fundadora mencionou que o Lar Escola Jêsue Frantz já faz parte da comunidade. “A nossa missão é estar nos locais que são vulneráveis. Mesmo que não precisem mais do nosso trabalho, continuaremos no bairro, por já fazemos parte da vida de quem está aqui. Não tem como apagar a marca que deixamos nas pessoas atendidas. Aqui é a casa da nossa comunidade.”

Ex-jogador ensina a arte do futebol

Jogador de futebol profissional com 11 anos de experiência, o ex-lateral direito José Antônio Ferreira, 78 anos, é hoje instrutor do Projeto Tigrinho, que atua no Jardim Palermo.

O atleta teve passagens em clubes como Tupi, de Juiz de Fora; Villa Nova, de Nova Lima; Olimpic Club, de Barbacena (todos em Minas Gerais); América (Rio de Janeiro) e Desportiva Ferroviária (Espírito Santo).

O instrutor disse que a função do Projeto Tigrinho é ajudar os jovens de bairros carentes da cidade na questão da inclusão social. “Pelo futebol, passamos alguns valores para eles, tais como cidadania, ética, disciplina, humildade, responsabilidade.”

Mineiro de Barbacena, cidade que fica a aproximadamente 170 quilômetros de Belo Horizonte, disse que sua relação com o esporte começou cedo. “Acredito que já nasci atleta, Minha mãe dizia que quando estava na barriga dela, já ensaiava para chutar a bola e, com 14 anos, era considerado bom de futebol na minha região.”

Ferreira é um dos pioneiros do projeto, do qual participa há seis anos. Por isso mesmo, é conhecido no bairro e conseguiu revelar alguns craques, “Todo o mundo me reconhece nas ruas por aqui. Atualmente trabalhamos com 257 alunos, com idade entre 7 e 15 anos. Trabalhamos de terça a sexta-feira, das 8h às 11h e das 14h às 17h,e vi bons resultados por aqui”, contou.

Para atuar com crianças e jovens, Ferreira contou que faz uso de três valores principais, e os repassa para a meninada: humildade, responsabilidade e credibilidade. “Fazemos correlação com a família e o desenvolvimento que o esporte proporciona.”

Além disso, Ferreira conta com a família dos jovens para incentivá-los a seguir na atividade. “Trazemos os parentes para o campo, para que eles possam acompanhar o desenvolvimento da garotada no esporte.”

Comerciante criativo atrai clientela

Barraca de caldo de cana na esquina da Avenida Luiz Pequini com a Rua Marisa Prado, no Jardim Palermo, chama a atenção pelo slogan: “Não beba cana, tome o caldo.”

Com esta ‘jogada’ de marketing, o vendedor Josualdo Ferreira de Almeida, o Dedé, 63 anos, vende cana há nove anos no bairro. “Tenho amizade com todos, não tenho nada a falar de ninguém. Estou sossegado.”

Segundo Dedé, a frase foi ideia de um cliente. “Ele passou aqui um dia e soltou a frase enquanto conversávamos. Decidi usá-la e pegou.”

O vendedor falou que, em virtude da frase, muita gente já parou para conhecer a barraca e provar a bebida. “O pessoal acha engraçado. E ainda tem o complemento, que é o ‘aqui’, porque é melhor que o cliente venha para a minha barraca, claro”, brincou.

De acordo com o vendedor, a clientela ali é boa. “Trabalho com vendas e vou pegando a amizade e a confiança do público. Conheço todo mundo, mas o nome não sei de quase ninguém”, diz Dedé, aos risos.

O vendedor garantiu que, durante o tempo em que atua no bairro, fez clientela fiel. “O pessoal fala que a primeira impressão é a que fica. Às vezes o caldo não é bom ou o atendimento deixa a desejar. Aqui tento reunir a qualidade da bebida com o bom relacionamento”, falou.

O vendedor é nascido em Sousa, na Paraíba, cidade a aproximadamente 440 km da capital, João Pessoa, e está em São Bernardo desde os 9 anos. “Quando era rapaz, trabalhava com o meu pai em comércio, em uma mercearia. Também fui metalúrgico, mas, quando me aposentei, resolvi vender caldo de cana e me dei bem com o negócio.”

A barraca de Dedé funciona das 8h às 17h, de segunda-feira a sábado. O valor da bebida varia de R$ 2 (copo pequeno) a R$ 8 (garrafa de um litro). 




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