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Campanha alerta sobre perigos do fumo passivo
Deborah Moreira
Do Diário do Grande ABC
29/08/2010 | 07:34
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O aposentado João Alonso Rodrigues, 70 anos, começou a fumar escondido dos pais aos 18. Via os artistas no cinema soprando a fumaça com muito glamour e os amigos no bairro reproduzindo o comportamento à la James Dean. Com João não foi diferente. Por achar que o cigarro lhe daria mais prestígio, começou a fumar. Atualmente, mesmo tendo parado com o vício há 30 anos, precisa do auxílio de um tubo de oxigênio para respirar.

"Fumava dois maços ao dia. Tive uma crise de hipertensão e fiquei internado dois dias sem poder fumar. Então, aproveitei para largar de vez", contou João, que sofre de DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) há 11 anos.

João é um dos 80 pacientes encaminhados por um pneumologista ao Setor de Reabilitação Pulmonar e Fisioterapia Respiratória da FUABC (Faculdade de Medicina do ABC).

O serviço disponível na região é indicado a quem tem dificuldades respiratórias causadas, na maioria dos casos, pelo hábito contínuo de fumar. Hoje, Dia Nacional de Combate ao Fumo, governos e entidades alertam sobre os males causados pelo cigarro. Neste ano, o tema da campanha do Inca (Instituto Nacional do Câncer) é Mulher e Tabagismo, o mesmo escolhido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para o Dia Mundial sem Tabaco 2010, ocorrido em 31 de maio.

A campanha nacional ressalta o tabagismo passivo sofrido pelas mulheres que vivem expostas à fumaça - equivalente ao consumo de quatro a 10 cigarros por dia.

No entanto, na reabilitação da FUABC, mais da metade é formada por homens. "Muitos chegam aqui em cadeiras de roda, com muita dificuldade de respirar e andar. Antes recebíamos pacientes com no mínimo 55 anos, mas nos últimos anos têm vindo muitos na faixa dos 40 ", contou a fisioterapeuta Selma Denis Squassoni, coordenadora do centro há 11 anos.

No local, o ex-fumante pratica exercícios moderados para fortalecimento muscular e aprende técnicas de respiração para amenizar crises de asma, por exemplo. São três sessões por semana, com duração de 40 minutos cada uma por seis meses, em média. Porém, muitos começam a frequentar e não querem mais deixar o grupo. Segundo Selma, após seis meses de reabilitação, ocorre melhora de até 30% na qualidade de vida.

"Ainda sinto falta de ar, mas sou mais independente. Antes não tinha forças para sair de casa, subir escadas, carregar peso e nem tomar banho em pé. Colocava uma cadeira no box. Agora, estou bem melhor", lembrou o aposentado Antenor Ferrari, 65, que frequenta a reabilitação há cinco anos.

Antenor, que é de São Caetano mas mora em São Bernardo há 30 anos, se lembra exatamente do dia e hora que parou de fumar: 3 de janeiro de 2005, às 15h15, um dia após o médico comunicar que estava com enfisema pulmonar. "Foi minha mulher que me ajudou. Se eu pudesse voltar atrás, não fumaria. Gostaria de ajudar mais em casa e sinto falta de muita coisa, como ver meu glorioso Corinthians jogar na Capital", lamentou ele.

Região conta com programas públicos de assistência

Para quem quer aproveitar o Dia Nacional de Combate ao Fumo e tomar a decisão de parar de fumar, a região oferece alguns programas públicos.

O Naps-AD (Núcleo de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas) de Santo André foi capacitado pelo Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), na Capital, e oferece tratamento com duração de 12 semanas, acompanhamento psicológico em grupo, atendimento de enfermagem, consulta médica para avaliação e fornecimento de medicamentos e insumos, se necessário. A capacidade é de 50 pessoas a cada 12 semanas.

O próximo grupo começará dia 13 de setembro, em três horários agendados em entrevista com psicóloga.

Mauá e São Caetano também oferecem programas semelhantes nos Caps (Centros de Atenção Psicossocial). Em Mauá, o trabalho existe desde 2007 e já atendeu cerca de 400 pessoas. No último trimestre, 67 pessoas aderiram. Destas, 65 pararam de fumar. Segundo a Prefeitura, depois de um ano 40% dos atendidos continuam sem fumar, mesmo com recaídas.

Em São Caetano quem procura o serviço são adultos, na maioria homens que já tiveram prejuízos de saúde. É preciso assistir à palestra informativa. A próxima está marcada para 23 de setembro, às 11h, no Caps-AD.

São Bernardo fez capacitação com o Cratod e tem 300 pessoas inscritas esperando liberação do remédio. A prefeitura informou que já solicitou os medicamentos ao Cratod. Este afirmou que já encaminhou solicitação ao Ministério da Saúde, responsável pela liberação direta ao município. O ministério, por sua vez, disse que a responsabilidade seria do Inca, que devolveu a ‘peteca' ao ministério.




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