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Campanha eleitoral começa na próxima terça-feira
04/07/2010 | 07:01
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Passadas as convenções e os debates pré-campanha, e já sem a concorrência da Copa do Mundo, uma vez que o Brasil foi eliminado, começam oficialmente na terça-feira as campanhas eleitorais - ainda sem o horário no rádio e na televisão, que só vale a partir de 17 de agosto -, mas com os comícios e a propaganda legal nas ruas.

As estratégias estão definidas. Enquanto José Serra (PSDB) se organiza para um intenso corpo a corpo na região Sudeste, onde as pesquisas apontam uma certa queda de sua liderança, a candidata Marina Silva, do PV, empenha-se na preparação para os debates diretos - sua grande arma, já que seu tempo em rádio e televisão será de apenas 72 segundos.

E para a ex-ministra Dilma Rousseff (PT), a prioridade são as cenas e falas para preencher os seus longos 10min25s no horário gratuito."Vamos intensificar a campanha em São Paulo", avisa o senador Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, embora sua campanha comece por Curitiba. Serra não deverá aceitar os pedidos de ser mais agressivo contra o governo. "Não devemos mudar o tom", reage Roberto Freire, presidente do PPS e assessor da campanha.

Nas hostes do governo, o clima é de otimismo. Dilma parece "mais disciplinada", capaz de suportar melhor as
provocações. "Ela tomou gosto pela campanha", diz o secretário-geral José Eduardo Martins Cardozo (PT).
Para Paulo de Tarso, marqueteiro de Marina Silva, o desafio é bem diferente. Ele já considera a senadora "a pessoa mais bem preparada" entre os três. Assim, o objetivo "é apenas melhorar seu desempenho".

REGISTRO - Amanhã, termina o prazo para que os partidos e coligações apresentem no TRE (Tribunal Reginal Eleitoral) de São Paulo o pedido de registro de seus candidatos. Hoje, a secretaria do tribunal funcionará em regime de plantão - entre 12 horas e 19 horas - para o recebimento de pedidos de registro de candidaturas.

Se a convenção não indicou o número máximo de candidatos previsto na legislação, os órgãos de direção dos partidos políticos poderão preencher as vagas remanescentes até 4 de agosto.

O próprio candidato poderá solicitar o seu registro nos casos em que o partido se omitir, desde que o mesmo tenha sido escolhido em convenção. Nesse caso, o prazo é de 48 horas após a publicação do edital pelo tribunal com a lista de candidatos do respectivo partido e coligação.

Ainda segundo dados do TRE, os pedidos de registro serão conferidos e processados a partir de amanhã, sendo que a divulgação será feita gradualmente, considerando os trabalhos que precedem a disponibilização dos dados. As primeiras listas devem ser publicadas por volta do dia 12, conforme previsão do tribunal.

José Serra tem o Sudeste como estratégia

Depois da crise em torno da definição do candidato a vice-presidente na chapa de José Serra, o PSDB começa oficialmente a campanha nesta semana com dois objetivos: emplacar debates diretos com a adversária, Dilma Rousseff (PT), e aumentar a vantagem eleitoral no Sudeste.
Com a campanha oficialmente na rua, os tucanos querem intensificar o corpo a corpo na região mais populosa do País, onde a vantagem do candidato do PSDB chegou a diminuir em maio.

A agenda contemplará mais visitas a São Paulo, Rio de Janeiro e Minas. A ideia é que até o início do horário eleitoral gratuito na televisão, em agosto, o candidato participe de carreatas e caminhadas com o eleitor.

Embora os tucanos pretendam intensificar a campanha em São Paulo, a previsão é de que o início oficial da campanha se dê em Curitiba - os tucanos haviam proposto o senador Álvaro Dias como vice para ampliar a vantagem no Paraná, mas acabaram acatando o indicado do DEM, o deputado federal Índio da Costa.

"Agora, a agenda é outra. Vamos intensificar visitas a esses Estados nas semanas anteriores à TV", disse a senadora Marisa Serrano (MS). A coordenação da campanha diz que a agenda do candidato será aprimorada após reclamações internas. "Temos de ter mais eficiência na agenda", afirmou o senador Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB.

Assim como já ocorria na fase de pré-campanha, equipes acompanharão o ex-governador Serra para colher imagens para o programa de televisão. A exemplo de trechos gravados na Bahia e em Pernambuco, serão produzidas imagens em, pelo menos, outros dez Estados.

Embora haja cobranças para que o tom seja mais agressivo, a tendência é que Serra não aumente as críticas ao governo. "Nossa estratégia mostrou-se correta", afirmou Jutahy Júnior (BA), ao citar as pesquisas recentes. "Vamos melhorar a coordenação para não haver curto-circuito na comunicação", disse o presidente do PPS, Roberto Freire.

LEGISLAÇÃO - Desde ontem até a posse dos candidatos que forem eleitos no pleito de 3 de outubro, agentes públicos não podem nomear, contratar ou admitir, demitir sem justa causa, transferir ou exonerar servidor público até a data da posse dos eleitos. Isso porque a legislação eleitoral restringe várias ações dos agentes públicos três meses antes e três meses depois das eleições.

Para petistas, Dilma vive fase ‘alto astral'

A candidata petista Dilma Rousseff entra na nova fase de campanha festejando uma conquista: ter-se transformado em uma "candidata disciplinada", que aprendeu a ouvir conselheiros e contar até dez antes de dar uma resposta impaciente. Amanhã, a ex-ministra petista marcará presença em Santo André.

O grande teste foi a entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, na semana passada, em que fugia ao destempero com um gentil "Permita-me discordar".

A partir de agora, sob direção do marqueteiro João Santana, a candidata começa a produzir cenas para montagem dos programas de rádio e televisão. Como a ex-chefe da Casa Civil tem mais de dez minutos, preencher os programas significa muito trabalho. Um dos pontos fortes, já no início, serão imagens tomadas nos seus encontros europeus com o presidente francês Nicolas Sarkozy, o primeiro-ministro espanhol José Luiz Zapatero e Durão Barroso, da União Europeia. "Ela tomou gosto pela campanha, está feliz", garante o secretário-geral do PT, José Eduardo Martins Cardozo. "E a campanha vive um momento de harmonia, sem desentendimentos".

ALTO ASTRAL - Há três meses, tudo parecia dar errado. A candidata cometia seguidas gafes e dava espaço à oposição para atacá-la. Como em sua visita ao túmulo de Tancredo Neves, em São João del Rey, no início de abril.

Por ter dito, então, que o presidente Lula havia realizado o sonho do político mineiro, de um Brasil de menos desigualdades, foi cobrada pela oposição, para a qual ela teria profanado o túmulo de Tancredo - afinal, o PT tinha negado o voto ao candidato das oposições no Colégio Eleitoral de 1985 - e três petistas que o apoiaram foram expulsos.

Pessoas próximas a Dilma dizem que ela "vive uma fase de alto astral, achando-se bem, elegante e bonita". O bom momento deve-se, em boa parte, à jornalista Maria Olga Curado, que cuida de sua imagem e a treina para dar, à mídia, respostas mais curtas e menos explicativas.

REGIÃO - A candidata à presidência da República estará amanhã, às 16h30, no Paço de Santo André, onde será recebida pelo prefeito Aidan Ravin (PTB).

A visita da petista, segundo a assessoria do petebista, é apenas de "cortesia", uma vez que Aidan apoiará o tucano José Serra. Em seguida, Dilma participa de plenária no Clube Atlético Aramaçan.

Marina priorizará debates na televisão

A equipe de coordenação da campanha da candidata do PV, Marina Silva, conclui amanhã o plano da fase de campanha oficial, que começa a partir de terça-feira. Já se sabe, no entanto, que a prioridade serão os debates com os outros candidatos.

Nos últimos dias, a ex-senadora chegou a reduzir suas aparições públicas para se preparar melhor para os debates. A escolha tem como justificativa o tempo de exposição.

No horário da propaganda gratuita eleitoral, a partir de 17 de agosto, o tempo de Marina será pequeno -1min12s, enquanto a petista Dilma Rousseff disporá de 10min25s e o tucano José Serra, de 7min6s. Nos debates, no entanto, o tempo será igual para todos.

Outro motivo para a escolha é a expectativa de que o número de debates em emissoras de TV e portais na internet aumente em relação a outros anos. Segundo assessores da campanha, é grande o número de consultas que recebem sobre debates.

EQUIPE - O marqueteiro Paulo de Tarso, que já trabalhou para o PT e o PSDB, faz parte da equipe que ajuda a candidata a se preparar. Tarso atua ao lado de intelectuais que trabalham voluntariamente para a ex-senadora. Entre eles estão o cientista político Luiz Eduardo Soares, que chefiou a Secretaria Nacional de Segurança Pública no início do primeiro governo Lula, e o economista Ricardo Paes de Barros, especialista em programas sociais, e a socióloga Neca Setubal, da área de Educação.

Também integram o time os economistas Eduardo Gianetti e Paulo Sandroni, além do médico Eduardo Jorge, que já foi militante do PT e hoje está filiado ao PV.

"Queremos debate de ideias e propostas e não embate entre pessoas", diz Paulo Capobianco, coordenador da campanha. "A Marina está afiada", garante o verde.

 




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