Pronto para sair do PSD, o ex-deputado José Bittencourt disparou contra o ministro das Cidades e presidente nacional pessedista, Gilberto Kassab, ao alegar descumprimento de compromissos internos. Pré-candidato ao Paço de Santo André na eleição de 2016, o ex-parlamentar alegou que o cacique pediu recuo na indicação da cúpula do partido na municipal em troca de apoio no pleito do ano passado, que, segundo ele, não se confirmou na campanha, quando saiu derrotado nas urnas depois de três mandatos consecutivos na Assembleia. “Não honrou a palavra. Não teve hombridade de cumprir aquilo que fizemos em acordo.”

Bittencourt sustentou que Kassab não retribuiu o gesto dado no momento de composição da legenda na cidade – comandada pelo ex-vereador Paulinho Serra, hoje secretário de Obras do Paço.
“Cedi na oportunidade. Como fundador do partido, tinha o direito de pleitear a presidência, mas aceitei o posto de vice com o promessa de que receberia adesão (na empreitada para renovar o mandato de deputado), que não veio”, disse, em tom de mágoa. Por conta do estremecimento político, o ex-parlamentar anunciou, recentemente, migração para o PR para encabeçar chapa majoritária. “(As negociações) Estão muito bem encaminhadas. Retorno à casa que já me acolheu em outras oportunidades para concorrer ao cargo de prefeito”, acrescentou.

O pessedista obteve 48,6 mil votos na eleição de 2014, ficando como segundo suplente da coligação. Deste total, apenas 6.427 sufrágios foram conquistados na cidade. Apesar de sua ligação com o Grande ABC, a maior parte do eleitorado de Bittencourt é atrelada a igrejas evangélicas e concentrada, principalmente, na Capital. Em abril, o ex-deputado protocolou no diretório estadual, presidido por Alda Marco Antônio, interesse de pré-candidatura própria pelo PSD, porém não obteve retorno. Caso seu projeto solo se concretize será a primeira vez que ele disputará o posto. Alguns nomes colocados no páreo têm sondado por possibilidade de composição de vice.

Em contrapartida, o ex-deputado não descartou chance de permanecer no PSD, caso haja solicitação de Kassab. “Na política, a gente nunca pode dizer nunca. Se houver vontade do grupo até poderíamos recuar (da filiação no PR)”, frisou. Há insegurança jurídica quanto à hipótese de assumir cadeira no Parlamento paulista se algum deputado for eleito prefeito no ano que vem, situação cogitada em relação a Rita Passos, possível nome ao Paço de Itu, além de julgamento de casos no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Kassab não foi localizado para comentar o assunto.