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PSDB lava calçada do Fisco em Mauá
Raphael Di Cunto
Especial para o Diário
17/09/2010 | 08:23
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Em ato simbólico contra as denúncias de quebra de sigilos fiscais na Receita Federal, a Juventude do PSDB lavou a calçada da agência de Mauá, de onde saíram duas servidoras investigadas pela violação do imposto de renda de milhares de pessoas, entre elas Verônica Serra, filha do candidato do PSDB à Presidência, José Serra.

"Não é um ato eleitoral, mas político. Queremos mostrar que o Brasil não tem dono e que esse crime não pode ficar sem solução", afirmou o vereador de Mauá Adimar José Silva, o Edmar da Reciclagem (PSDB), vassoura e balde na mão para "limpar a Receita Federal".

Na propaganda eleitoral e nos discursos, entretanto, o escândalo da quebra dos sigilos é atrelado à campanha da candidata ao PT à Presidência, a ex-ministra Dilma Rousseff.

Presente ao evento, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) admitiu o uso do ato na campanha, porém disse que esse não é o único motivo. "Não é só interesse eleitoral. Estamos preocupados com as instituições públicas do Brasil, porque os que estão no poder querem aparelhá-las", ressaltou.

Para o tucano, o governo federal instalou uma fábrica de dossiês na Casa Civil para minar os críticos. "(O governo) tenta intimidar a oposição, na medida em que se arma contra ela com uma central de dossiês", declarou.

O paranaense disse que os recentes escândalos no governo federal ainda não tiveram efeito nos eleitores, mas que está confiante. "Deveria influenciar (o voto). mesmo que o povo às vezes esteja anestesiado. Eu acho humilhante para o brasileiro ver crimes assim escaparem impunes", destacou.

Durante a limpeza da calçada, militantes tucanos gritavam hinos de guerra e criticavam a administração petista. Na conta dos organizadores, havia mais de mil pessoas no local, embora a reportagem tenha contado, no máximo, 400.

A maioria dos presentes era de Osasco e trabalhava na campanha do candidato a deputado estadual Antônio de Souza Ramalho (PSDB) por R$ 510 ao mês. O tucano lotou quatro ônibus de filiados para o ato na Receita.

Em outro evento na cidade, o presidente estadual do PSDB, o deputado federal Mendes Thame, ironizou a demissão da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, acusada de tráfico de influência.

"Corrupção, na porta ao lado da sala do presidente da República. Mas, se perguntar para o Lula, (ele) vai responder que não sabia de nada", criticou, em alusão às declarações do presidente de que desconhecia a existência do Mensalão.

O deputado, entretanto, concordou que os escândalos são complicados para a maior parte da população entender, o que poderia manter a intenção de voto dos eleitores inalterada.

"Não é preciso ter mestrado para perceber que algo muito errado está acontecendo. Mas, independentemente do resultado eleitoral, temos que fazer nosso esforço para mostrar a ilegalidade da situação", reforçou.

Eleitores não entendem ‘escândalos'
Todo o estardalhaço feito pelo PSDB na agência da Receita Federal em Mauá não surtiu efeito nos pedestres ouvidos pelo Diário, que não entenderam a ideia do ato ou viam nele intenção de prejudicar a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.

"Isso é uma verdadeira palhaçada. A pesquisa aponta a Dilma eleita e esse é o último respiro deles", afirmou Marco Antônio Bonfante, que ainda está indeciso em quem vai votar para o cargo e trabalha em frente ao prédio da Receita, no Centro Público de Emprego.

Para a vendedora Sheila Nunes de Lira, que trabalhava em uma loja ao lado, o comício atrapalhou as vendas. "Não dá para entender nada. Um grita, o outro grita em cima. Fica uma barulhada que atrapalha para falar com o cliente", reclamou a mauaense, que pretende votar na candidata do PV, Marina Silva.

Quem também não entendeu o ato foram motoristas que passaram pelo local e buzinavam por causa do trânsito, ou lojistas que, inconformados com a bagunça, chamaram o departamento de trânsito da cidade para retirar os carros de som.




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