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Saúde pública de Santo André atende 624 dependentes

Número representa 0,08% da população da cidade;
mesmo assim, os usuários se espalham pelas vias

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
15/06/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Atualmente 624 pacientes recebem acompanhamento no Naps AD (Núcleo de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas) de Santo André. Desse total, 35 são moradores de rua. A unidade oferece tratamento para dependentes de diversas substâncias, de tabaco a crack. O número de atendidos representa 0,08% do total de 707.613 moradores da cidade.

Mesmo assim, vias do município concentram usuários de drogas. Um dos principais pontos são os viadutos da Avenida Prestes Maia. Conforme a coordenadora da área de Saúde mental do município, a psicóloga Maria Regina Tonin, essas pessoas recebem atendimento semanal do Consultório na Rua, que opera em uma van. “É uma equipe formada por médico, auxiliar de enfermagem e enfermeiro. Nos últimos cinco meses, realizamos cerca de 60 visitas naquela região, o que totalizou cerca de 300 atendimentos”, explicou.

Durante a consulta, os moradores de rua podem realizar teste rápido de HIV, curativos, diagnósticos básicos, entre outros procedimentos. Dependendo da gravidade, são encaminhados para as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) ou UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da cidade.

O tratamento realizado no Naps AD só pode ser feito mediante autorização do usuário. A partir do momento em que o paciente passa a frequentar o espaço, equipe de psicólogos define junto com ele o que vai ser feito para a reintegração à sociedade.

Ele pode ser encaminhado para uma das duas repúblicas terapêuticas da cidade (uma adulto e outra infanto juvenil, com 16 leitos cada) ou até mesmo para a casa da família. “A ideia é que esse tratamento o aproxime cada vez mais dos parentes”, disse Maria Regina.

A Secretaria de Inclusão e Assistência Social também conta com o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, a Casa Amarela, que oferece atendimento psicossocial à população de rua.

Também há serviço de abordagem social, que diariamente percorre locais públicos com vistas ao atendimento das necessidades imediatas e também para prevenção e intervenção. Estão disponíveis 80 vagas em dois albergues.

Após o tratamento, essas pessoas são encaminhadas para o Centro Público de Trabalho e Emprego, onde recebem oportunidade de iniciar vida nova. A cidade planejava implantar o Programa De Braços Abertos, que é executado na Capital, porém, a Prefeitura afirmou que a proposta passa por avaliação junto ao governo federal para alguns ajustes. Ainda não há previsão.

Apesar dos efeitos que os entorpecentes podem apresentar, como a agressividade, a psicóloga afirmou que a maioria dos atendimentos é tranquila. “Eles acabam criando cumplicidade com a gente, então, apontam quem está precisando.”

Gestantes recebem atenção prioritária

Uma das preocupações da equipe de Saúde andreense, segundo a psicóloga Maria Regina Tonin, são as gestantes em situação de rua. Na região do Viaduto da Tamarutaca, na Avenida Prestes Maia, são três mulheres nesta condição, fazendo o acompanhamento pré-natal. Duas são adolescentes.

“Os primeiros encaminhamentos, como consulta, conseguimos fazer dentro da própria van. Depois encaminhamos para o tratamento e verificamos todas as necessidades. É um momento muito delicado”, disse Maria Regina.

No terreno localizado na Rua Carijós, desocupado pela PM (Polícia Militar) em operação na sexta-feira, uma das usuárias estava grávida. Ela conversou com a equipe do Diário, mas não quis se identificar. Aos três meses de gestação, ainda não aparentava barriga. A jovem de 18 anos afirmou que entrou no mundo das drogas por causa do marido e que não pretende sair. “Cheguei a conversar com o pessoal da Prefeitura, o médico disse que eu estava bem. Não vou parar com as drogas porque não tem como fazer isso. Eu pertenço a esse lugar e não vou mais sair”, disse.

Ela afirmou que tem parentes no bairro Clube de Campo, mas não quer morar com eles. “É melhor viver assim que ficar sóbria. Eu trabalho, cato latinhas e sustento o meu vício tranquila”, contou.

A idosa Maria da Glória da Silva, 67, que estava no mesmo local, também relatou que entrou no vício por causa do parceiro, mas foi por acaso. “Vim resgatá-lo porque ele estava morando aqui em condições horríveis. Experimentei e acabei ficando.”

Com a desocupação, a idosa manifestava vontade de mudar de vida. “Aceitei me tratar. Vou comprar uma casa e ir atrás dos meus benefícios”, afirmou. 




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