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HSBC anuncia que venderá operações no Brasil e Turquia

Banco, que possui 18 agências no Grande ABC, planeja reduzir custos anuais em US$ 5 bilhões até 2017; sindicato teme demissões

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
10/06/2015 | 07:07
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O HSBC confirmou ontem que irá vender as operações no Brasil e na Turquia e que intensificará a participação no mercado asiático. Em comunicado a investidores, o banco afirmou que está reformulando sua carteira de negócios no mundo e que a redistribuição de recursos tem como objetivo preparar a instituição financeira para “oportunidades de crescimento futuras” e se adaptar a “mudanças estruturais no ambiente operacional”.

Ao negociar as operações nos dois países, a empresa estima redução de gastos anuais entre US$ 4,5 bilhões e US$ 5 bilhões até 2017 e cortar até 25 mil empregos. Isso não quer dizer que todo esse pessoal ficará, de fato, desempregado, já que os bancos que adquirirem as filiais brasileira e turca podem manter esses trabalhadores – ou, pelo menos, parte deles. A meta do HSBC é enxugar cerca de US$ 290 milhões de ativos considerados como de risco.

O diretor executivo do Grupo HSBC no mundo, Stuart Gulliver, disse, em nota, que “reconhece que o mundo mudou” e que a instituição precisa acompanhar essas mudanças. Além de menos postos, a estratégia de reposicionamento do banco prevê aumento de investimentos no mercado asiático. Entre os seis maiores bancos de varejo no País, o HSBC foi o único que apresentou resultados negativos em 2014: prejuízo líquido de R$ 549 milhões. Apesar de confirmar a venda, a empresa garante que “segue operando normalmente” e que manterá a presença no País “para atender a grandes clientes corporativos em relação às suas necessidades internacionais”.

Segundo informações do mercado financeiro, Bradesco, Itaú e Santander estão na disputa pela compra das operações do HSBC Brasil, sendo que o Bradesco teria feito a melhor proposta, superior a R$ 10 bilhões. A subsidiária brasileira do HSBC soma R$ 168 bilhões em ativos.

Para a professora de Finanças Michele Juca, da Universidade Mackenzie, além dos maus resultados da instituição financeira no Brasil, o forte desempenho da economia na Ásia pesou na decisão pela remodelação na carteira de negócios. “O HSBC atua no País no segmento de varejo, mas é mais voltado a clientes de alta renda. Ou seja, não é popular. São 854 agências no Brasil, um número baixo na comparação com os grandes bancos.”

Ela considera que, para o Bradesco, a compra do HSBC seria estratégica no sentido de se aproximar do Itaú na concorrência nacional. Os dois primeiros somam R$ 1,051 trilhão em ativos, enquanto o Itaú possui R$ 1,285 trilhão. Em número de agências, Bradesco e HSBC chegam a 5.519 postos, número quase igual ao do Banco do Brasil, que tem a maior rede do País, com 5.524 unidades. O Itaú tem 3.885 endereços e a Caixa Econômica Federal, 3.391.

Na região, o HSBC possui 18 agências e emprega cerca de 400 pessoas, segundo Belmiro Moreira, diretor do Sindicato dos Bancários do ABC. “Historicamente, todos os casos de fusões e aquisições de bancos no Brasil resultam em demissões”, alerta. A entidade fará reuniões com os trabalhadores da instituição financeira nas próximas semanas.

Fundado em 1865 e sediado em Londres, na Inglaterra, o HSBC iniciou as operações no Brasil em 1997, após adquirir a operação do Bamerindus. 




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