Política Titulo Gritou com servidoras
Luiz Marinho grita com servidoras e diz que não é obrigado a dar almoço

Irritado e criticado em plenária do OP, prefeito de
São Bernardo elogia corte de merenda nas escolas

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
09/06/2015 | 07:01
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Celso Luiz/DGABC


Durante a primeira plenária do OP (Orçamento Participativo) de 2015, realizada ontem, no bairro Ferrazópolis, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), gritou com duas servidoras públicas da área da Educação e elogiou o plano de redução da merenda, que cortou alimentação a 85 mil alunos da rede, dizendo que não é obrigado a oferecer almoço a quem entra às 13h.
Em aproximadamente 40 minutos de discurso e sem citar a agora ex-secretária de Educação Cleuza Repulho (leia mais abaixo), Marinho também criticou a greve do funcionalismo público, encerrada na semana passada após 22 dias consecutivos de protestos (a maior da história da cidade), classificando a paralisação de “desnecessária”. “Respeito a greve, mas não respeito a postura do sindicato”, opinou ele.

O primeiro momento de tensão ocorreu quando a professora Luciene Cristine da Cruz, 41 anos, da Emeb Di Cavalcanti, questionou a postura do prefeito sobre a greve. “Fui criado no berço do petismo, meu pai era metalúrgico. O que era conto de fadas se transformou em conto de terror hoje, ao ver sua postura na condução da greve. Fiquei indignada.”

Marinho não deixou outros munícipes indagarem sobre ações do Paço e fez questão de responder à docente na sequência, alterando cronograma original do OP. Foi então que atacou funcionários e o Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos). “Sindicato faltou com responsabilidade ao não entender a situação econômica do País”.

A greve só foi encerrada depois que a Prefeitura ofereceu R$ 1.550 de abono em junho e outros R$ 310 em dezembro, além da reposição inflacionária de dois anos consecutivos em 2016 e sem desconto nos dias parados (parte será abonada e outra terá de ser compensada).

Depois da resposta, munícipes voltaram a questionar ações da Prefeitura. Então, a também professora Márcia Cristina da Cruz, 40 anos, do CEU (Centro Educacional Unificado) Regina Rocco Casa, na Vila São Pedro, pediu a palavra e teceu duras críticas ao corte da merenda na rede municipal. “A estrutura de lá (no CEU) é linda, de cristal, porém, não tem merenda. Hoje (ontem) eram 15h20 e as crianças só tinham comido leite com bolacha. Acalmem-se com todos os aplausos que estão dando”, disparou ela, a uma plateia recheada de comissionados do governo petista.

Marinho voltou a alterar a voz, pediu que a munícipe sentasse e a chamou de mentirosa. “O plano (da redução da alimentação escolar) foi premiado. Não vou aceitar mentiras sobre o plano. Não tenho obrigação de dar almoço a quem entra às 13h. É correto uma mãe levar uma criança para a escola às 13h sem almoçar?”, indagou ele, aplaudido na sequência pela claque formada por servidores apadrinhados no Paço.

O prefeito forçou a comparação do período de Cleuza à frente da Secretaria de Educação com o tempo em que Admir Ferro (sem partido), ex-vereador e titular de Educação no governo de William Dib (PSDB). “Perguntem se o Admir Ferro foi um bom secretário? Não foi. Vocês lembram da situação que peguei aqui (em 2009). Estava caótica. Desafio fazer debate da Educação, ou de qualquer área, com qualquer um.”

Petista evita falar de Cleuza, mas prepara outras saídas do Paço
Jefferson e Neto são nomes cotados para deixar a administração

O chefe do Executivo de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), evitou comentar a saída da secretária de Educação, Cleuza Repulho (PT), demitida por série de escândalos na Pasta, mas, nos bastidores, prepara a exclusão de mais integrantes do primeiro escalão. Nomes que estariam na lista do petista são os de Jefferson José da Conceição, secretário de Desenvolvimento Econômico, e de Osvaldo de Oliveira Neto, titular da Cultura.

A exoneração dos dois chegou a ser cogitada no início do ano, porém, Marinho decidiu engavetar mudanças em seu secretariado. Com a troca de Cleuza pelo vereador Paulo Dias (PT), entretanto, ele deu início oficial à reformulação do Paço com vistas ao processo eleitoral de 2016.

Para Desenvolvimento Econômico, um nome comentado é o do vereador Mauro Miaguti (DEM).
Assediado por oposicionistas – entre eles o deputado estadual Orlando Morando, possível prefeiturável do PSDB –, o democrata foi convidado por Marinho no início do segundo mandato e declinou a oferta, preferindo ficar na Câmara. Com a indicação, o petista encaminharia apoio do DEM ao candidato do PT à sucessão municipal – hoje nome mais forte é o de Tarcisio Secoli, secretário de Serviços Urbanos.

Para vaga de Neto, há possibilidade de oferta ao vereador Rafael Demarchi (PSD), que poderia assumir o posto ou apresentar indicação de confiança. Rafael também é um dos cotados para ser vice na chapa majoritária do PT e é mais um vereador sondado pela oposição na eleição do ano que vem.

Uma chance remota é a de troca no comando da Secretaria de Saúde, hoje chefiada por Odete Gialdi. O setor também poderia ser oferecido a algum político em troca da manutenção da aliança.

SILÊNCIO
Após a primeira plenária do OP (Orçamento Participativo), no bairro Ferrazópolis, Marinho não quis comentar a saída de Cleuza.

Indagado pela equipe do Diário sobre as motivações da troca e os motivos da mudança somente um ano depois de aberto processo de improbidade contra ela, o prefeito de São Bernardo deixou o local sem conceder entrevistas. 




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