Não são ‘apenas’ os empregos que estão sendo devastados no Grande ABC pela crise econômica. O cenário difícil na seara financeira nacional também assola boa parte da história industrial das sete cidades. Reportagem desta edição do Diário mostra que até o fim do ano a Basf, multinacional alemã, vai desativar a fábrica de poliamida e plástico de engenharia que funciona em São Bernardo. Será o fim de empresa tradicional que, há mais de duas décadas, antes sob o nome Mazzaferro, colabora para o desenvolvimento regional.

A direção da companhia cita, entre os motivos que levaram à decisão, as “condições desfavoráveis do mercado”. Para bom entendedor, meia palavra basta. O fechamento definitivo da unidade é reflexo direto da baixa produtividade industrial brasileira, que reduziu a demanda pela matéria-prima feita pela Basf em solo são-bernardense. Para não comprometer seus lucros, a empresa optou por encerrar as atividades.

Com isso, os 95 funcionários que atuam na planta correm o risco de engrossar os já alarmantes índices de desemprego. E a Basf, que um dia chegou a ter sua sede administrativa no Grande ABC, intensifica o seu processo de afastamento da região, embora ainda mantenha, também em São Bernardo, 1.400 pessoas ocupadas na produção de tintas e vernizes. Até quando? Infelizmente, diante dos últimos acontecimentos, a pergunta deixou de ser retórica para revelar preocupação real.

Por mais dura e chocante que seja, a verdade precisa ser dita: se nenhuma medida for tomada para evitar o recrudescimento da desindustrialização, notícias semelhantes a esta da Basf tendem a se tornar corriqueiras. Não se pode esquecer que os funcionários da Pirelli, cujo controle foi recentemente adquirido por gigante chinês, ainda se preocupam com a possibilidade de a fábrica de pneus deixar Santo André. Aos poucos, o Grande ABC vai se despersonalizando. Sem que ninguém, ao menos aparentemente, faça algo para reverter a agonia.