Setecidades Titulo Habitação
Famílias ocupam terreno em Mauá

Área às margens do Rodoanel, no Jardim Oratório, foi invadida na madrugada de sábado

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
28/05/2015 | 07:00
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


Um terreno de aproximadamente 300 mil m² localizado na Rua Rondônia, no Jardim Oratório, em Mauá, está sendo ocupado pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) desde a madrugada de sábado. Segundo a Prefeitura mauaense, a área pertence à Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) e à Petrobras, que já foram notificadas sobre a invasão, nomeada de Ocupação Oziel Alves.

No local, às margens do Rodoanel, 2.500 famílias ergueram barracas feitas com madeira e cobertas por plásticos, onde estão vivendo à própria sorte. E não para de chegar gente, tal como Damião Vito, 53 anos, que às 9h de ontem foi até lá para garantir seu espaço. A ansiedade para isso era tanta que, às 16h30, ele sequer tinha parado para se alimentar. “Quero muito construir uma casa”, disse.

“A cada dia chegam mais pessoas que moram de aluguel e não têm mais como pagar ou que foram despejadas. São histórias diferentes, mas que têm em comum a necessidade de moradia, de ter um lugar para colocar os filhos”, falou a integrante da coordenação do MTST, Lisandra Pinheiro, 38.

Desempregada, a jovem Rosilaine Souza da Silva, 24, é um exemplo dessa situação. Prestes a ter um bebê – previsto para chegar no dia 11 –, divide a cama instalada em barraco minúsculo com o filho Kaio Ryan, 5. Essa foi a única alternativa encontrada depois de ser despejada após ficar quatro meses sem pagar o aluguel de onde morava, na Vila São Pedro, em São Bernardo.

Ela chora quando indagada sobre como é viver de forma subumana. “Nunca imaginei chegar a esse ponto. Ontem (terça-feira) à noite, quando estava ventando forte e os plásticos que cobrem nosso barraco foram arrancados, meu filho disse: ‘Se estivéssemos na Bahia (Estado onde a mãe nasceu), a gente não estaria morando em um barraco’”, relatou, aos prantos, recebendo um abraço carinhoso da criança.

Com sua inocência de menino, mas visão realista, o pequeno Kaio relatou como é viver no local. “É um pouquinho ruim. Tem muito mato, mosquito, cobra, formiga. Queria morar em um apartamento.”

A mãe de Rosilaine, Edilene dos Santos Souza, 51, vive no Jardim Oratório, porém, não tem condições de abrigar a filha. “Minha casa caiu em 2011 em deslizamento no morro do Macuco, no Jardim Zaíra. Quando saiu o aluguel social, o valor foi de R$ 300, mas ninguém consegue alugar uma casa com esse dinheiro. Arrumei um quartinho. Imagina como é ver minha filha em uma situação dessa e não poder ajudar?”

A Prefeitura de Mauá informou que a movimentação está sendo acompanhada pelos setores da administração municipal, que não tem autonomia para intervir no caso. Dersa e Petrobras ficaram de retornar informações nesta quinta-feira. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;