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Fernando Sardo passeia por novos timbres
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
30/08/2005 | 08:28
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Tudo o que cai nas mãos de Fernando Sardo pode virar música. Ou melhor, instrumentos musicais. O luthier alternativo, de Santo André, mestre em transformar sucatas, materiais do cotidiano e componentes inusitados em esculturas sonoras, leva nesta terça-feira ao Sesc Consolação, em São Paulo, cerca de 40 criações suas. Todas elas darão base ao show de música instrumental que ele apresenta com entrada franca.

O show é um convite à viagem pelo universo dos timbres e da música étnica, sempre a segunda feita em decorrência do primeiro. "Há composições que trazem influências das culturas africana, árabe, indiana e até brasileira, embora na hora de criar eu não pare para pensar nas etnias", afirma Sardo.

As idéias geralmente nascem do som emitido por um instrumento novo. Na música Montanha, uma das novidades para o set list de terça-feira, há uma mistura de ares tibetanos, andinos e africanos. Um dos responsáveis por isso é o instrumento de sopro feito com mangueira de jardim que, segundo o luthier, lembra uma trompa tibetana.

Embora seja um trabalho de pesquisa sonora, Sardo não se propõe a fazer apenas um desfile de timbres. Suas músicas têm ritmos e harmonia; às vezes são mais lentas, outras mais dinâmicas. "As pessoas às vezes acham que, por ser uma música instrumental contemporânea, de pesquisa, que é algo intelectual, sério. Mas tem vezes que a música nasce do que é engraçado e até ridículo".

Lúdica é, por exemplo, a série de oito "flautadorantes" que o andreense criou: cada uma tem uma afinação diferente, mas todas possuem na embocadura um frasco de desodorante. O músico aperta o frasco e o som sai. "Há não só a brincadeira, mas um recurso sonoro diferente", diz.

A mais recente criação do luthier é um instrumento que ainda nem tem nome, mas por enquanto é chamado de ET. "A Míriam (Matsuda, mulher dele e instrumentista) deu esse nome porque acha que ele é cabeçudo (risos)". A base dele é feita de madeira. Pedaços de serras de cortar metal são transformadas em teclas, nas quais o músico percute com baquetas. É praticamente o mesmo princípio de um xilofone.

No show de terça-feira, Sardo estará acompanhado de Míriam Matsuda e Bira Azevedo, que também tocarão os instrumentos feitos pelo andreense. O repertório mistura músicas do CD Bambuzais e outras que devem entrar no próximo disco.

Violão – Apreciadores da música instrumental também têm a chance de conferir nesta terça-feira, no Sesc Santo André, o show de Marco Pereira. O violonista, que já defendeu mestrado sobre Villa-Lobos na Universidade de Paris-Sorbonne e venceu o concurso André Segóvia, entre outros, exibe músicas de seu mais recente CD, O Samba da Minha Terra. O álbum traz, por exemplo, leituras de Expresso 2222 (Gilberto Gil), Lamentos do Morro (Garoto) e Chazzi (do próprio). Pereira já tocou com artistas como Gal Costa, Gilberto Gil, Tom Jobim, Edu Lobo e Paulinho da Viola.

Fernando Sardo – Show. Nesta terça-feira, às 20h. No Hall de Convivência do Sesc Consolação – r. Doutor Vila Nova, 245. Tel.: 3234-2223. Entrada franca. Marco Pereira – Show. Nesta terça-feira, às 20h. No Teatro do Sesc Santo André – r. Tamarutaca, 302. Tel.: 4469-1200. Entrada franca.




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