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Pai de interno: 'meu filho aprendeu a ser bandido na Febem'
Do Diário do Grande ABC
21/02/2000 | 20:48
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M. tinha 13 anos quando chegou pela primeira vez a uma unidade da Fundaçao Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem) em Sao Paulo. Filho de um taxista e uma doméstica fora internado por uma seqüência de furtos. Ele é um dos 17 acusados de tentativa de assassinato, formaçao de quadrilha e danos ao patrimônio no Complexo Tatuapé da Febem.

Depois da primeira internaçao, que durou alguns meses, as idas e vindas tornaram-se constantes. "Meu filho aprendeu a ser bandido lá dentro da Febem, com as péssimas companhias", acusa o taxista H.F.M., de 43 anos, que esteve nesta segunda-feira no 81º Distrito acompanhando a transferência do filho para o Cadeiao 2.

O rapaz fugiu da Imigrantes depois de um ano e meio de internaçao. "Após a fuga, começou a assaltar e, no ano passado, foi preso por ter tentado matar um homem durante um roubo na Fernao Dias."

M. tem no braço direito a tatuagem de um pé de maconha e o taxista disse que seu filho pode ter sido "forçado a participar da rebeliao para nao ser morto". A mae do rapaz morreu há oito meses. "Ela nao respeitava a mae doente nem os quatro irmaos e se está envolvido tem de pagar."

Nesta segunda-feira a portaria da Febem voltou a ficar cheia de maes em busca de informaçoes sobre o paradeiro e o estado de seus filhos. Algumas conseguiram entrar e saíram mais aliviadas. Outras voltaram a protestar contra as condiçoes dos internos.

"Encontrei meu filho e ele está calmo; Deus queira que nao aconteça mais nada de ruim lá dentro", disse a auxiliar de limpeza Maria Aparecida Silva, de 47 anos. "Esse sistema nao funciona", rebateu a mae R.S.A., de 33. "Estou há dois anos na porta da Febem e eles nao fazem nada para melhorar a vida dos meninos, ensinar algo de útil, recuperá-los."

O eletricista Jarci Gomes de Oliveira, de 38 anos, descobriu que o filho L.S.O., de 15 anos, fora transferido do cadeiao de Pinheiros para o Tatuapé horas antes da rebeliao. "Desde que ele foi preso, nunca faltei a uma visita e nao vejo a hora de saber como ele está; no sábado, fui ao cadeiao e nao me disseram que ele já estava no Tatuapé", revelou. "Quando acontece uma rebeliao como esta última, a gente só pensa em coisa má, porque sabe que o filho está num barril de pólvora."

Algumas pessoas vieram do interior. Moradora de Sorocaba a doméstica Maria Rosa Luca, de 46 anos, queria saber o que havia ocorrido no sábado. Seu filho, B.L., de 13 anos, foi transferido de Porto Feliz para cá há 15 dias. Está cumprindo medida socioeducativa por roubo de moto.




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