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Vereadores de Guarulhos sao presos por corrupçao
Do Diário do Grande ABC
07/12/1999 | 23:24
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Representantes do Ministério Público Estadual (MPE), com apoio da Polícia Militar, interromperam, por volta das 19 horas de terça-feira, a sessao da Câmara de Guarulhos e prenderam seu presidente, Oswaldo Celeste (PTB), e os vereadores Waldomiro Ramos (PTB) e Fausto Martello (PPB), que já presidiu a Câmara.

Mais tarde, a polícia deteve o vereador Wanderley Figueiredo (PL), também ex-presidente da Câmara. "Eles foram presos, acusados de concussao (extorsao praticada por servidor ou autoridade) e corrupçao passiva", informou o promotor Fábio Bechara.

A prisao dos vereadores foi determinada pelo juiz da 4ª Vara Criminal, Rodrigo Capez. A polícia procurava segunda-feira à noite os funcionários da Câmara Antônio Carlos Simoes, o Nenê, Luís Ponte e José Carlos Patrao. Segundo funcionários do Legislativo, Nenê e Patrao esconderam-se no telhado da casa, para evitar a prisao.

Os parlamentares sao acusados de usar o cargo público para benefício próprio, contratar serviços com preços superfaturados e ficar com parte do dinheiro. As denúncias começaram a vir a público em 31 de maio, com a publicaçao pelo Estado do suplemento Câmara das Facilidades.

O suplemento revelou, com exclusividade, detalhes de uma representaçao apresentada pelo deputado estadual Elói Pietá (PT) com base em conversas que manteve com o prefeito Jovino Cândido (PV). Segundo os relatos, 12 parlamentares exigiram dinheiro, cargos e vantagens do prefeito em troca da aprovaçao de projetos.

A representaçao de Pietá foi encaminhada no mesmo dia ao procurador-geral de Justiça, Luiz Antonio Marrey, que acionou a Promotoria da Justiça e Cidadania de Guarulhos. A Polícia Civil também começou a desvendar o esquema.

Gravaçao - Celeste vinha sendo investigado desde agosto, sob a acusaçao de improbidade administrativa. O parlamentar teve conversas telefônicas gravadas este ano, na sala da presidência da Câmara, nas quais tratava com o assessor Nenê sobre supostos acertos de propina com sete prestadoras de serviços à Casa.

O promotor de Justiça e Cidadania de Guarulhos, Nadim Mazloum, abriu, em agosto, um procedimento preparatório de inquérito civil para apurar o caso. Na época, o Estado teve acesso a trechos das gravaçoes, enviadas ao MPE.

A equipe de reportagem da AE consultou um perito da polícia, que comprovou a autenticidade das fitas de áudio. Numa das gravaçoes, Nenê e Celeste falam sobre uma suposta devoluçao de dinheiro por parte de empresas prestadoras de serviços.

Sao citadas nas fitas as empresas Taquigraf, Dardo e Lite, que já foram ou estao sendo investigadas pelo MPE. Elas prestam serviços, respectivamente, de taquigrafia, segurança e informática. A Venko (consultoria em informática), a Comexi (de manutençao de áudio e vídeo) e a César Reis (fornecedora de materiais) também sao citadas, assim como a Contexto, agência de publicidade que cuida da divulgaçao dos trabalhos da Câmara.

As fitas podem ser resultado de um aparelho de escuta instalado atrás de um frigobar, na sala da presidência, localizado pelo vereador Victor Veronezi (PFL) em 26 de maio. Apoiado na ilegalidade do grampo, Celeste negou as denúncias ao ser indagado a respeito pelo Estado, em 2 de agosto. "Nao reconheço nada, esse foi um instrumento ilegal, um crime."

Celeste, Martello e Ramos foram conduzidos por PMs em três carros, sob aplausos da populaçao, e levados ao 13º Distrito, na Casa Verde, zona norte de Sao Paulo. Chegaram ao DP às 19h50 e foram encaminhados à sala do delegado-titular, Paulo Roberto Negrao. A princípio, devem ficar presos, em caráter preventivo, por 89 dias. A defesa dos acusados deve apresentar depois de quarta-feira pedido de habeas-corpus - terça-feira é Dia da Justiça e os tribunais nao funcionam.

O advogado de Celeste, Alberto Rollo, afirmou que as prisoes foram ilegais. "Temos dois mandados de segurança no Tribunal de Justiça contestando a forma como foram obtidas provas no processo, mediante a apreensao de computadores e invasao de gabinetes e residências dos vereadores."




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