No Brasil, nos últimos anos, os pagodeiros sao os principais ditadores de moda no cenário musical. Clones de Belo, ex-Soweto, com um visual descolorido, e carecas que portam óculos de sol presos à cabeça, como os integrantes do Katinguelê, formado pelo vocalista Salgadinho, e também por Nino Brown, Mário e Breno, podem ser vistos fartamente nas ruas das grandes cidades.
A nova bossa sao os cortes tribais feitos no cabelo à semelhança de uma tatuagem. O cabeleireiro Carlos Magno, o Linho, 27 anos, do salao JS Designer, pode ser considerado um dos precursores da recente mania, já que ele é o responsável pelas madeixas dos pagodeiros do Exaltasamba, grupo formado por músicos do Grande ABC (Chrigor, Péricles, Pinha, Marquinhos, Brilhantina, Izaías e Thell) e também pelos cabelos dos músicos do Grupo Sensaçao (Marquinhos, Carica, Cogumelo, Joao e Gazu). Alguns integrantes desses grupos exibem esse tipo de corte.
"A primeira tribal que fiz foi em 1992 num amigo meu que serviu como cobaia", conta Linho. O cabeleireiro optou por um desenho descomplicado e levou cerca de três horas para concluir seu trabalho. Hoje, Linho faz seu serviço em 40 minutos.
O profissional normalmente nao usa nenhum tipo de desenho impresso como inspiraçao. "Já tenho na minha cabeça, a nao ser que o cliente queira algo mais artístico", conta. Os instrumentos utilizados sao somente navalha e máquina. "O segredo está na habilidade com a navalha. A máquina é usada apenas para deixar o cabelo rente", informa.
O trabalho dura no máximo 15 dias. "Há gente que faz com máquina, mas em quatro dias os detalhes já desaparecem", informa. A tesoura, se utilizada, é própria apenas para auxiliar na concepçao do desenho. Mas, segundo Linho, ela é desnecessária.
Qualquer cabelo - O tipo de desenho mais difícil de ser executado, de acordo com o cabeleireiro, é quando o cliente opta em raspar a zero todo o cabelo, só mantendo os fios que compoem a "tatuagem". "Nesse caso, qualquer irregularidade fica em destaque", explica.
As tribais sao os desenhos mais pedidos, seguidos pelos símbolos de times de futebol. O músico também garante que nao há tipo de cabelo apropriado para a realizaçao do processo.
O operador de estaçao gráfica Edson Luiz da Silva, 23 anos, produtor do grupo de pagode Fascinaçao, fez uma tribal em seu cabelo no início do ano. "Vi o processo no salao e resolvi testar em mim também", conta. Fabiano Ibidi, 22 anos, que trabalha com Silva, gostou do detalhe no cabelo do amigo e resolveu fazer um desenho parecido nas laterais e na nuca. "O único problema é que o corte dura muito pouco", lamenta.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.