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Vendas de imóveis novos encolhem no primeiro trimestre no Grande ABC

Total comercializado cai 21% ante igual período de 2014 e retorna ao patamar de seis anos antes

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
15/05/2015 | 07:14
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Ari Paleta/DGABC


As vendas de apartamentos novos no Grande ABC no primeiro trimestre caíram 21,8% na comparação com mesmo período do ano passado. Foi o pior resultado para os três meses iniciais do ano desde 2009, auge da crise financeira internacional, de acordo com dados divulgados ontem pela Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras de Imóveis do Grande ABC). De janeiro a março, 1.059 unidades foram comercializadas, volume que só supera os 1.029 em igual trimestre seis anos atrás.

A retração da procura está relacionada às dificuldades da economia, com o impacto de maiores restrições dos bancos em oferecer crédito, alta da inflação e crescimento do desemprego, segundo empresários do ramo. Para a diretora adjunta do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo) no Grande ABC, Rosana Carnevalli, esses fatores, e também as notícias de corrupção no País, geram insegurança nos consumidores em relação ao futuro. “Este está sendo um ano difícil, que não deverá ter crescimento. Espero que não fique pior que em 2014”, diz.

A projeção da Acigabc também é, na melhor das hipóteses, de empate com os números do ano passado – tanto em vendas quanto em lançamentos –, quando a atividade já teve desempenho fraco. Em todo o ano 2014, houve 6.680 unidades vendidas, 33,6% menos que em 2013 e os lançamentos, que somaram 5.077 imóveis, caíram 41,7%.

IMÓVEIS LANÇADOS - No primeiro trimestre, as construtoras, surpreendentemente, ampliaram o número de lançamentos. Foram 848 unidades apresentadas ao consumidor, 171% mais que as 312 do mesmo período de 2014. Boa parte das novidades, 83% do total (ou 708 apartamentos), ocorreu em março. De acordo com a associação, isso aconteceu depois dos dois primeiros meses do ano praticamente sem imóveis lançados. A avaliação, no setor, é de que muitas construtoras estavam segurando a colocação de novos produtos imobiliários no mercado, mas não podiam deixar muito tempo na gaveta projetos já aprovados pelas prefeituras, sob o risco de esses planos caducarem e as companhias perderem o valor gasto nisso. Para estimular a demanda, o segmento realiza promoções e oferece brindes, que vão desde garrafas de uísque para quem visitar o estande de vendas a TVs para quem efetuar a compra. Esse é o momento para comprar imóveis, avaliam os empresários do setor.

Há opiniões divergentes, no segmento, em relação aos efeitos da redução do teto para financiamento, pela Caixa Econômica Federal, de 80% para 50%, no caso dos imóveis usados. Os novos permaneceram com limite financiável de 80%. Para a diretora adjunta da regional do SindusCon-SP, deve atrapalhar, porque, para comprar um novo, muita gente tem de vender o seu usado. No entanto, representantes da Acigabc avaliam que pode estimular a aquisição de imóveis na planta de custo mais baixo, de dois dormitórios.

ZONEAMENTO - Para Rosana, além dos entraves gerados pela crise, as leis de zoneamento mais restritivas para a construção, aprovadas nos últimos anos nos municípios da região são empecilho para o crescimento do setor. Em São Caetano, por exemplo, a partir de 2010, o índice de aproveitamento do terreno caiu pela metade: em 1.000 m² em que se podia construir condomínio com 6.000 m², passou a ser permitido só fazer 3.000 m². “Em 2010, passávamos por boom imobiliário, agora o momento é complicado, vamos pedir para a Prefeitura rever isso.” 




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