Cultura & Lazer Titulo
Público heterogêneo
Sara Saar
Thiago Mariano
29/08/2011 | 07:48
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Apenas musicalmente nossas clássicas formações sinfônicas suscitam o que o senso comum pede a um concerto orquestral. Em matéria de público, as orquestras da região são democráticas, não pedem o chique ou o erudito, mas apenas bons ouvidos para apreciarem suas apresentações. O praxe e a etiqueta é manter o silêncio durante o concerto.

Entre pessoas que pela primeira vez entram no teatro para assistir uma apresentação, muitas são as visitas esporádicas e poucos os frequentadores de carteirinha.

Ricardo Saran começou a visitar os concertos da Orquestra Sinfônica de Santo André no começo do ano, levado pelo filho, Victor Saran, de 12 anos. "Ele toca teclado e o seu sonho é passar para o piano. A música clássica é um gosto que ele aprendeu sozinho. Com ele começo a gostar e aprender cada dia mais", conta Ricardo, que acompanhava o filho na apresentação da Noite Lírica no sábado, no Teatro Municipal andreense.

Há dez anos assíduo em todos os concertos da Sinfônica de Santo André, Mauro Delfino Nicolino é apaixonado por repertório sinfônico desde que começou a frequentar as apresentações e ouvir emissora de rádio especializada no gênero. "Ainda bem que temos boa programação regular com a orquestra", considera ele.

O casal Diego Orazi e Gislaine Moraes começou a partilhar o gosto pela música clássica depois que ela, violinista, expandiu seus estudos para além das canções que tocava na igreja. "Comecei a ouvir nossas orquestras, a Filarmônica de São Caetano e a Sinfônica de Santo André e me encantei com o repertório", fala Gislaine.

O namorado, que antes não entendia nada do estilo, começa a gostar e até a cooptar integrantes de sua família para o apreço pelo clássico. Loudes e Rosilene Nascimento, avó e mãe do rapaz, respectivamente, viram a formação andreense pela primeira vez no sábado.

"Eu só fui a um concerto na vida, e foi legal porque o maestro conversou com a gente e me tirou a imagem de que música sinfônica é difícil. Legal também é o glamour e a beleza de ver tantos músicos juntos", conta Rosilene.

O casal Renata Negri e Edson Kenji sempre que podem vão aos concertos. Eles revelam gostar de apresentações que misturam repertórios e compositores. "Uma sinfonia inteira é muito para mim", conta Renata. O programa a dois, para eles, acaba elevando seus pensamentos e preenchendo seus sentimentos. "Às vezes é mais leve e saímos das apresentações animados e tem dias que a música é tensa e nos deixa mais introspectivos, mas sempre vale a pena vir", completa ela.

FORA DO PALCO - Fiéis eram maioria entre as pessoas que assistiam ao concerto da Orquestra Filarmônica Vera Cruz, na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, em São Bernardo, na sexta. "No Brasil, ainda não há o costume de corais e orquestras se apresentarem em igrejas como acontece na Europa. Mas é a tendência conforme o povo for adquirindo cultura", diz o fiel e administrador de empresas Roberto Vertamatti, que estava acompanhado dos netos.

Levar formações como a Filarmônica Vera Cruz para diferentes espaços além do teatro é caminho para a formação de público. "Sempre que tenho oportunidade, eu assisto. É importante a igreja abrir as portas para promover momentos de alegria, paz e emoção como esse", afirma Fernanda Garcia.

A dona de casa Maria Inês Zocoler foi por recomendação: "O padre sugeriu que viéssemos ao concerto. É música para quem tem bom gosto."

Além dos fiéis - na maioria adultos que não apresentavam o formalismo da roupa social -, era possível encontrar pessoas do meio musical. Caso de Roberto Ondei, maestro do Coro da Cidade de Santo André. "Esse é o meu universo. Eu vim para prestigiar a Filarmônica Vera Cruz", conta.

Ao lado do maestro, estava a namorada: a professora Eliane Silva. Há três anos ela frequenta concertos por incentivo de Ondei. "Antes, eu achava difícil entender a música clássica. Hoje, já sou uma apreciadora", afirma. Segundo ela, muitos gostam do gênero musical, mas têm receio de assistir as apresentações por não saber como se portar.




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