Economia Titulo Balanço
Grande ABC corta 5.354 empregos com carteira no trimestre

Setor industrial responde por boa parte das
dispensas, ao registrar a eliminação de 3.308

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
24/04/2015 | 07:51
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Nario Barbosa/DGABC


Já são 5.354 empregos com carteira assinada perdidos no Grande ABC apenas nos três primeiros meses deste ano. É o que aponta levantamento do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), divulgado ontem.

Boa parte desse saldo negativo (diferença entre contratações e demissões) está concentrada no setor industrial, que, sozinho, cortou 3.308 vagas formais no período. Esse número é maior do que as 2.687 vagas fechadas pelas fabricantes nos três meses iniciais de 2014, ano em que o setor produtivo eliminou 15 mil vagas.

Duas outras áreas, o comércio e a construção também colaboraram para a piora do quadro do emprego no primeiro trimestre, respectivamente, com retrações de 2.214 e 659 nos postos de trabalho. Por sua vez, o setor de serviços gerou 1.209 vagas e evitou que o cenário ficasse ainda pior.

Observando os dados do mês passado, os sete municípios também fecharam vagas (1.252). O balanço contrasta com o registrado em todo o País, onde, após três meses seguidos de queda no saldo de empregos, houve a abertura de 19,3 mil postos. Entretanto, no acumulado de janeiro a março, o montante é o pior da série histórica, iniciada em 2002, com o fechamento de 50,3 mil vagas no País.

FABRICANTES - O saldo de vagas negativo da indústria da região neste início de ano, de 3.308 postos, supera o de 2013 inteiro (quando houve 1.687 cortes). E, em março, na comparação com os meses anteriores, o fechamento de vagas nas fabricantes (2.063) é bem maior do que o de fevereiro (quando foram eliminadas cerca de 1.000 posições). Perde apenas para o registrado em dezembro (3.340), que é tradicionalmente período de fraca atividade industrial. Em janeiro, houve a abertura de 242 vagas no setor.

Para representantes do empresariado, não há boas perspectivas para os próximos meses. “Nada mostra sinais de que haverá estabilidade, isso é preocupante”, afirmou o vice-diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, Anuar Dequech Júnior. Segundo ele, a crise no setor automobilístico e notícias como a abertura de PDVs (Programas de Demissão Voluntária) nas montadoras, além do anúncio de 500 dispensas na Mercedes-Benz, devem intensificar esse quadro de perda de empregos. “O ano está bem complicado. O pior de tudo é a falta de confiança em uma retomada”, disse.

Qual a saída? Para o dirigente, se o governo federal fizer a parte dele e começar a reduzir despesas, em vez de querer repassar a conta para as empresas, por meio de aumento de tarifas, por exemplo, já ajudaria. “Pode ser que assim comece a retomada da confiança”, afirmou Dequech Júnior.

“O governo precisa focar mais na redução de gastos do que no aumento de receita. A política de ajuste fiscal deve preservar o investimento, para haver a recuperação do nível do emprego”, disse o professor de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Volney Golveia.




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