A 12ª fase da Operação Lava Jato levou à prisão João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, e colocou o Grande ABC diretamente no olho da investigação. A PF (Polícia Federal) concluiu que Vaccari utilizou a Editora Gráfica Atitude Ltda como ponte para receber propina de desvio de contratos da Petrobras, com valores que podem alcançar as cifras de R$ 2,5 milhões. Embora sediada na Capital, a empresa é controlada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, tem em seu quadro societário o deputado estadual Teonílio Monteiro da Costa, o Barba (PT), e já contou com o secretário de Serviços Urbanos de São Bernardo, Tarcisio Secoli (PT), como sócio da companhia – os dois negam irregularidades.

Dados da Gráfica Atitude na Junta Comercial do Estado mostram que Barba ainda integra o quadro societário da firma como representante do Sindicato dos Metalúrgicos. Tarcisio, ex-diretor da entidade sindical, deixou a empresa oficialmente em 27 de agosto de 2010. O sindicalista é favorito do prefeito Luiz Marinho (PT) para ser candidato do governo petista na eleição ao Paço de São Bernardo no ano que vem.

Documentos apreendidos pela PF indicam três pagamentos suspeitos à Gráfica Atitude na época em que Tarcisio estava na companhia: um no dia 29 de junho de 2010, outro em 6 de julho de 2010 e o terceiro em 9 de agosto de 2010 – R$ 281.550 no total.

Donos de empresas que tinham contrato vigente com a Petrobras informaram à PF que eram obrigados a transferir parte do dinheiro dos acordos para a conta da Gráfica Atitude. As operações aconteceram entre 2010 e 2013. Um dos denunciantes foi Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, proprietário da Setal Óleo e Gás.

A Editora Gráfica Atitude foi instituída legalmente em setembro de 2006. Já teve como sócio José Lopez Feijóo, ex-assessor especial da Presidência da República no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT). Atualmente, além de Barba, é comandada por Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), e pelo Sindicato dos Empregados em Estabelecimento Bancários de São Paulo.

Por nota, Tarcisio negou qualquer irregularidade envolvendo seu nome. Disse que fez parte do quadro societário como representante legal do Sindicato dos Metalúrgicos e que “não exerceu nenhuma função administrativa, financeira, comercial ou de gestão na gráfica”. “Em 19 de julho de 2008, solicitou o seu desligamento do quadro societário, tendo em vista sua saída do cargo, e voltou a assumir suas atribuições no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC como representante dos trabalhadores da Mercedes-Benz. No entanto, por motivos de ordem burocrática, o seu desligamento só foi oficializado em 2010.”

Barba não falou especificamente sobre sua participação na Editora Gráfica Atitude. Declarou que a direção do PT e advogados “prestarão esclarecimentos a respeito deste assunto.”

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC não se pronunciou sobre o caso.
(Colaborou Leandro Baldini)