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Relatório de Inflação aponta PIB máximo de 3,8% em 2007
Estadão Conteúdo
20/12/2006 | 22:00
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O Banco Central divulgou quarta-feira uma decepcionante estimativa para 2007: o aumento de apenas 3,8% no PIB (Produto Interno Bruto). É um percentual bem abaixo do nível mínimo alardeado para o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 5%.

Os cálculos do Banco Central para 2006, registrados no ‘Relatório de Inflação de Dezembro’, reforçam os argumentos dos que apontam exagero na condução da política de juros.

O país fechará este ano, segundo o Banco Central, com a expansão de modestos 3% na sua atividade econômica. Mas, pela primeira vez desde a criação do regime de controle inflacionário, em 1999, a variação dos preços ao consumidor ficará abaixo de 4,5%, o centro da meta. Será de apenas 3,1%, tanto nas projeções do Banco Central como nas do mercado.

O Relatório de Inflação destacou que o Brasil consolidou um “cenário benigno” para a variação dos preços, graças às medidas de política econômica adotadas nos últimos anos. Esse cenário, insistiu o BC, “pavimenta o caminho para a expansão sustentada da economia ao longo dos próximos anos.”

Ano novo - Para 2007, entretanto, essa percepção de acerto na receita adotada ainda não será tão clara: o crescimento de apenas 3,8% da economia se dará com inflação de 3,9%, nas contas do Banco Central, ou de 4,3%, nas projeções do mercado. Ambas as perspectivas ficariam, como em 2006, abaixo do centro da meta de 4,5%.

Ao explicar os números, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, insistiu que “há sempre a tentação de imaginar que tudo o que acontece na economia é resultado da política monetária”.

“O crescimento do PIB depende também de fatores que não são controlados pelo BC, como a produtividade da economia e os investimentos”, afirmou Bevilaqua.

Ele indicou a necessidade de geração de um ambiente mais favorável à injeção de recursos no parque produtivo do país.

As projeções do BC para a inflação e o crescimento da economia brasileira em 2007 levam em conta um cenário no qual a taxa Selic permaneceria constante em 13,25% ao ano – o percentual fixado em novembro –, assim como a taxa de câmbio se manteria em US$ 2,15 por dólar.

Mas o próprio Bevilaqua deixou escapar a possibilidade de o desempenho do PIB mostrar-se mais alentador. Conforme destacou, esses cálculos não levaram em conta os impactos das medidas do pacote que deverá ser anunciado em janeiro pelo presidente Lula.

Além disso, insistiu o diretor do BC, a preservação da inflação em níveis baixos ao longo do tempo assegurará a aproximação da média da taxa de juros brasileira à dos demais países.

Copom - Segundo Bevilaqua, o centro da meta de inflação, de 4,5% passará a ser a referência para as decisões do Copom (Comitê de Política Monetária), e não mais o seu teto, de 6,5%. “Quando a inflação permanece controlada, o prêmio de risco de juros tende a cair. É assim que o juro baixa em qualquer lugar do mundo”, afirmou.

Em setembro, o BC previa uma expansão mais alentadora, de 3,5% para este ano, que despencou junto com as projeções do desempenho dos três setores da economia. Neste ano, o PIB industrial deverá crescer apenas 3,3%. A expansão dos serviços alcançará 2,4%, e a do setor agropecuário, 2,8%. A Formação Bruta do Capital Fixo – investimento na ampliação das estruturas de produção – aumentará em 6,1%, quando se imaginava, em junho, alta de 8,3%.

Ao contrário de 2004, quando as exportações de bens contribuíram para o crescimento de 4,9%, neste ano o peso dos embarques será negativo em 0,9%, mesmo com as estimativas de embarques recordes de US$ 145 bilhões. A demanda doméstica, amornada pelas elevações da massa salarial e do consumo das famílias e pela expansão do crédito, dará melhor contribuição, com um impacto de 3,9%.



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