Setecidades Titulo Coletores de lixo
Prefeitos se mobilizam para encerrar greve dos coletores

Sugestão de acordo prevê reajuste de 9,83%
para funcionários do setor de limpeza pública

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
Nelson Donato
Especial para o Diário
31/03/2015 | 07:00
Compartilhar notícia
André Henriques/DGABC


Na tentativa de finalizar a greve dos funcionários de limpeza urbana, que já dura nove dias, os prefeitos da região apresentaram sugestão de proposta com reajuste salarial de 9,83% para empresários e sindicato. Ontem, além dos caminhões, até retroescavadeiras foram utilizadas em Santo André e Diadema para juntar os sacos que se acumulam nas vias públicas. A categoria promete para hoje, às 14h, manifestação no Paço andreense.

A proposta dos prefeitos é de reposição da inflação no salário levando em conta o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 7,68% mais 2% de aumento real. “Conversei com o prefeito de Mauá, o Donisete (Braga, PT), consultei outros prefeitos hoje (ontem) e apresentamos uma sugestão para os empresários e trabalhadores. O Donisete, inclusive, está no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), conversando sobre o julgamento da greve. É uma sugestão, a prerrogativa é do sindicato e dos patrões”, diz Grana. A expectativa é de apreciação da proposta hoje. Em 2013, o prefeito também participou das negociações para dar fim à paralisação.

Com salários atuais de R$ 939 (varredores) e R$ 1.115 (coletores), a categoria pede 11,73% de reajuste, porém, o Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo) diz que o máximo que pode atender é 7,68%.

O prefeito disse ainda que a coleta de resíduos está sendo feita na cidade em força-tarefa entre Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e Secretaria de Obras. “Vamos atingir em torno de 80% do município. Em Santo André e São Bernardo, a coleta de lixo está quase que normalizada. Mas queremos fazer essa sugestão (do reajuste) para que seja oficial”, completou Grana.

Mesmo assim, ainda há muita sujeira nas ruas e calçadas. A situação complica quando o lixo é jogado perto de córregos, como na Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello, na Vila Homero Thon, em Santo André. No local, além dos detritos, muitas moscas são avistadas. Segundo a auxiliar administrativa Neide Pereira da Silva, 25 anos, há muitas pragas invadindo as casas. “Aqui tem muitos ratos por causa do esgoto, agora, o cheiro do lixo atrai muitos mais.”

Na estação de coleta de materiais recicláveis da Avenida Capitão Mário Toledo de Camargo, funcionários de empresa terceirizada recolhiam, com o auxílio de retroescavadeira, montanha de lixo deixado em frente ao local irregularmente. “Só ontem (domingo) fizemos 15 viagens entre as estações Grajaú e Bom Pastor. Porém, só recolhemos o lixo sob escolta da GCM (Guarda Civil Municipal), pois pode haver represálias dos grevistas”, afirma um dos motoristas de caminhão responsável pelo serviço provisório.

No Centro de Diadema, a situação é parecida. Uma retroescavadeira percorria as ruas da região recolhendo os sacos de lixo jogados na calçada. Porém, apesar das medidas emergenciais, o sentimento coletivo é de revolta, como destaca o advogado Sigmar Werner Schulze, 64. “É um descaso do poder público. Falta aptidão para conduzir esse conflito de interesses entre o sindicato e os consórcios.”

Para ele, a greve possui apenas um ponto positivo. “A população está refém de tudo isso, mas é importante para dar valor aos funcionários da limpeza urbana. As reivindicações da classe são mais que justas.” (colaborou Gustavo Pinchiaro)




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;