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Polícia apura morte de bebê no Hospital Santa Helena

Laudo do IML sairá em 30 dias e o delegado
irá avaliar se houve negligência ou erro médico

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
27/03/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


A Polícia Civil do 1º DP (Centro) de São Bernardo abriu inquérito para apurar se a morte do pequeno Miguel, de apenas 10 dias, foi motivada por negligência de profissionais do grupo de Saúde particular Santa Helena. O caso foi revelado pelo Diário na terça-feira, após denúncia da mãe, a corretora de imóveis Ana Paula Vaz, 27 anos. O boletim de ocorrência foi aberto no domingo, dia do óbito do bebê. Na próxima semana, serão chamados os responsáveis pelo atendimento do recém-nascido para prestar depoimento.

Conforme o documento, Miguel nasceu com lesão do plexo braquial (lugar onde as raízes nervosas da medula espinhal se reúnem e reorganizam antes de serem redistribuídas para os músculos e a pele do braço). “O que gerou isso? Foi de nascença ou aconteceu algum incidente no parto? Pode ter sido agravado por falha no atendimento? Toda a circunstância que envolveu o atendimento prévio da criança será apurada”, disse o delegado titular do 1º DP, Aloízio Pires de Araújo.

Araújo aguarda do IML (Instituto Médico-Legal) envio de laudo de corpo de delito para prosseguir com a investigação. “Deve chegar em até 30 dias. A causa da morte parece ser natural, mas o que pode ter acelerado o processo? Vamos apurar se houve negligência ou erro médico para podermos enquadrar (a empresa).”

Procurado, o grupo Santa Helena afirmou que ainda não tem nenhuma informação sobre o boletim de ocorrência.

A dor da perda de Ana Paula relembrou a triste história vivida pelo aposentado Rubens Guitzel, 76, de Santo André, em fevereiro do ano passado. Também usuário do Santa Helena, ele perdeu a mulher Julia, 78, sua companheira há 52 anos. Ela tinha uma infecção no esôfago.

Guitzel levou Julia para o hospital do grupo, em São Bernardo, e pediu à médica que a internasse. “Ela disse que era bobagem.”

No dia seguinte, Julia sofreu um infarto e o marido acionou uma ambulância – serviço pago à parte da mensalidade do convênio. Vinte minutos depois e nada de o veículo chegar, ele ligou para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). “O Samu veio em oito minutos, fez de tudo para reanimá-la, mas ela morreu. A ambulância do convênio chegou uma hora depois”, lembrou. “Em caso de infarto, os primeiros dez minutos são vitais. Me explicaram que os veículos são terceirizados e ficam em uma sede na Capital. O lema do Santa Helena é ‘trabalhando pela vida’. Só se for pela vida deles.”

Questionado, o grupo Santa Helena afirmou que tem serviço próprio, terceirizado e com pontos no próprio hospital, como várias operadoras.

Problemas são similares aos da rede pública

Os transtornos vivenciados por quem utiliza o serviço público de Saúde não são diferentes para quem optou pelo grupo de Saúde particular Santa Helena, segundo seus clientes. O despreparo dos médicos chamou a atenção de uma senhora que aguardava para ser atendida na tarde de ontem, no Centro Médico Hospitalar, localizado na Avenida Lucas Nogueira Garcez, na região central de São Bernardo. “Vim aqui pela manhã com dores na bexiga e a médica me pergunta se eu queria tomar remédio para dor. Primeiro tenho que fazer um exame para ver o que tenho. Só quando disse isso ela me mandou realizar o exame de urina.”
Do lado de fora da unidade, Maria Aparecida dos Santos, 36 anos, esperava pelo resultado de um exame e contou que vem passando por um problema que seria comum para uma pessoa que não possui convênio particular – o que não é o seu caso. “Fui demitida da empresa que trabalhava estando doente, com fibromialgia, e para acionar a Justiça preciso de um laudo que comprove isso, porém, só quem pode me dar é a reumatologista com quem fiz os exames e não consigo passar com ela, pois a central fala que não tem vaga.”

Em Santo André, o ajustador mecânico Elivelto Pereira Gomes, 23, levou duas horas para conseguir fazer um raio X no quadril. “Vi gente reclamando que estava aqui desde as 14h e só às 18h30 foi atendida. A gente tem convênio para evitar isso e é capaz de no hospital público resolver o problema mais rápido.” 




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