Estudo da Federação Internacional de Diabetes aponta dificuldades na relação médico paciente
Pesquisa realizada com 6.700 médicos de 26 países, sendo 116 no Brasil, indica que mais da metade dos pacientes com diabetes do tipo 2 não seguem as recomendações médicas sobre a doença. Os dados integram estudo que está sendo desenvolvido pela Federação Internacional de Diabetes e tem como objetivo observar a relação médico paciente e, futuramente, propor ferramentas para ampliar a adesão ao tratamento e, com isso, evitar as temidas complicações crônicas do mal, como problemas cardíacos, de visão, nos rins e AVC (Acidente Vascular Cerebral).
De acordo com a análise, os especialistas acreditam que faltam força de vontade e disciplina por parte da população diagnosticada com o mal e que os pacientes não estão suficientemente preocupados sobre as complicações da doença a longo prazo. “A diabetes é problema de Saúde pública. A cada dez segundos, três pessoas desenvolvem a doença no mundo. A estimativa é a de que o número de diagnosticados passe dos atuais 380 milhões de pessoas para 592 milhões em 2035”, alerta o mestre em Endocrinologia pela Escola Paulista de Medicina e chefe do Ambulatório de Diabetes tipo 2 do Hospital Mário Gatti, João Paulo Iazigi. No Brasil, a estimativa é de que haja 12 milhões de diabéticos do tipo 2.
Dados da Federação Internacional de Diabetes destacam que 90% dos pacientes acometidos pela doença em todo o mundo são do tipo 2, caracterizada pela produção insuficiente de insulina pelas células, e que, geralmente, está associada a fatores como sedentarismo, genética e maus hábitos alimentares.
De acordo com 28% dos médicos entrevistados, uma das dificuldades apontadas é que os diagnosticados não conseguem manter hábitos de vida propostos. Já 23% dos especialistas consideram que a população acometida pela doença não compreende a gravidade do diagnóstico e importância do tratamento. Um em cada quatro profissionais revelou ainda que se sente culpado pela falta de tempo para conversar adequadamente com os pacientes.
A segunda etapa do estudo está sendo realizada atualmente e consiste em entrevista com 10 mil pessoas com diabetes tipo 2. A expectativa é a de que os resultados sejam conhecidos ainda neste ano. A terceira fase do projeto pretende apresentar ferramentas capazes de contribuir para a melhora do relacionamento entre médicos e pacientes. “Este é o primeiro passo para buscar soluções para as dificuldades apresentadas. Estamos curiosos para conhecer os próximos resultados”, observa o diretor médico da empresa farmacêutica Eli Lilly, uma das apoiadoras da pesquisa.
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