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Homem é esfaqueado e alega crime de homofobia

Rodrigo Mariano Miguel, 33 anos, foi atingido nas costas por vizinho enquanto esperava o elevador do prédio onde mora

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
17/03/2015 | 07:07
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Nario Barbosa/DGABC


O engenheiro Rodrigo Mariano Miguel, 33 anos, foi esfaqueado nas costas pelo vizinho Wanderson Pacheco de Oliveira, 39, enquanto esperava o elevador no prédio onde vive, no dia 10, no bairro Assunção, em São Bernardo. Miguel afirma que, após voltar do supermercado, foi surpreendido pelo impacto e não teve tempo de se defender. A vítima alega que a agressão foi motivada por homofobia.

Veja vídeo do momento do ataque.

“Saí para fazer compras e ele e a mulher dele estavam do lado de fora e ficaram me olhando. Quando retornei, escutei ela perguntando: ‘Tem certeza de que você quer fazer isso? Se quer, vai em frente.’ Assim que parei em frente ao elevador, senti a pancada nas costas e cai na mesma hora”, contou.

Miguel mora há oito anos no local e explica que houve um desentendimento com Oliveira, em novembro, por causa de barulho. Desde então eles não se falavam. Porém, para ele a motivação para a agressão não partiu disso. “Sou homossexual e ele sabia, tanto que na nossa briga ele ficava me chamando de nomes pejorativos, como ‘bixinha’. Depois que ele me deu a facada e eu caí no chão ele me falou: ‘Isso é para você aprender a nunca mais encarar um homem de verdade.’ Foi quando fiquei desesperado e tive certeza de que ele ia me matar.”

O zelador do prédio, Marcos Pires, 47, chegou logo depois de Oliveira acertar Miguel. Ele tinha ouvido gritos da mulher do agressor pedindo ajuda e conseguiu imobilizá-lo. “Trabalho aqui há 11 anos e nunca tinha presenciado algo assim. Quando cheguei, o Rodrigo estava no chão e ele ia dar outra facada. O Wanderson até que é tranquilo, mas tinha momentos em que ficava descontrolado.”

Segundo outro vizinho, que preferiu não se identificar e que mora no térreo, foi possível ouvir os gritos. “A gente escutou uma pessoa batendo na porta e pedindo ajuda. Quando chegamos ao local, vimos o zelador imobilizando o Wanderson, que estava com uma faca na mão.”

A equipe do Diário esteve no apartamento, porém, foi informada de que Oliveira não mora mais no local. O imóvel está à venda. “Dizem que ele voltou para o Rio de Janeiro, que é a cidade natal dele”, afirmou o zelador.

Após o ocorrido, Miguel levou três pontos e ficou sete dias internado no Pronto-Socorro Central de São Bernardo. Ele recebeu alta ontem e vai precisar ficar com o colar cervical por mais três meses.
“Estou desempregado, vão ser mais três meses da minha vida que vou precisar ficar parado. Fora que o médico me falou que por pouco eu não fiquei tetraplégico”, disse.

O caso foi registrado no 3º DP (Assunção) como lesão corporal. Segundo o delegado titular, Wagner Milhardo Alves, a intimação para Miguel depor já foi feita. “Até o presente momento, ele não compareceu ao DP. Ele precisa depor e também passar por um exame de corpo de delito. Logo depois vamos instaurar o inquérito.”

Segundo a advogada da ONG ABCD’S (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual) Cristiane Leandro de Novaes, que é responsável pelo caso, será solicitado um aditamento do boletim de ocorrência. “Isso porque constou lesão corporal dolosa e o correto seria tentativa de homicídio e crime de homofobia. Também vamos nos reunir com o Ministério Público nas próximas semanas para falar sobre esse e outros casos.”

Alves afirmou que nada impede que a classificação seja alterada. “O delegado de plantão entendeu que não houve flagrante, já que a vítima não estava lá. Além disso, havia informações de que ele (Miguel) não corria risco de vida. O acusado foi ouvido e liberado, já que estavam pendentes algumas questões. Nada impede que depois do depoimento ou durante o inquérito tenha essa alteração”, explicou.

No mesmo distrito há um inquérito instaurado por causa de briga entre os envolvidos.
 




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