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Como é determinada a taxa de câmbio
Anderson Luís Saber Campos
13/03/2015 | 22:16
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O Brasil adotou o regime de câmbio flutuante desde janeiro de 1999. Isto significa dizer que a cotação desta moeda é dada pela lei da oferta e demanda, a mesma que rege o preço da banana na feira livre. Ou seja, se estiver sobrando banana na barraca do feirante (oferta maior que a demanda), o preço cai. Porém, se a procura por banana estiver muito alta (demanda maior que oferta), o preço sobe.

Assim, a cotação do câmbio depende basicamente da entrada ou saída de dólares do país. Existem três principais canais de entrada: a balança comercial (saldo das exportações menos importações), a balança de serviços (composta por gastos de turistas, pagamento de juros, royalties, remessas de lucros, etc) e a conta capital (principalmente entrada ou saída de capital estrangeiro para o mercado financeiro). Estas classificações servem para identificar e classificar “como” a moeda estrangeira entra e sai do País e são registradas no balanço de pagamentos.

Deste modo, sempre que o saldo do balanço de pagamentos é positivo significa que entrou mais dólares do que saiu. Logo, há um excesso ou sobra de moeda americana em nossa economia e, portanto, o dólar fica “barato” diante do real (moeda local valorizada). Lembram-se das bananas? Neste cenário é possível comprar mais dólares com a mesma quantidade de reais. Entretanto, se o saldo do balanço de pagamentos for negativo, temos o cenário oposto: dólar “caro” (moeda local desvalorizada).

E o papel do Banco Central? No Brasil, o BC tem entrado no mercado vendendo ou comprando dólares para afetar a lei da oferta e demanda tentando garantir cotações que não estimulem a inflação (produtos importados podem ficar mais caros ou baratos conforme a taxa de câmbio) ou favoreça as exportações (o real desvalorizado torna nossos produtos mais baratos no mercado externo) conforme o momento que o país estiver vivendo.

TENDÊNCIAS

Contudo, a experiência recente tem mostrado que o Banco Central não consegue reverter as tendências de longo prazo (fatores macroeconômicos se sobrepõem aos desejos do BC). Mesmo porque não há consenso de qual seria a melhor taxa de câmbio para o país (a resposta depende de para quem você pergunta).

O fluxo de dólares para o Brasil depende das nossas condições internas (por exemplo, nível das taxas de juros e dinamismo de nossa economia) e externas (como a taxa de juros de outros países e o crescimento de grandes economias, que impulsionam nossas exportações).

As projeções da economia para 2015 não são boas e, portanto, espera-se uma entrada menor de dólares no país. Assim, segundo relatório Focus do Banco Central do dia 6 de março, é esperada uma taxa de câmbio de R$ 2,95 para o final deste ano. Aqueles que planejam uma viagem internacional neste ano não devem esperar um refresco no câmbio...

Anderson Luís Saber Campos é professor doutor do Programa de Pós-Graduação em Administração da Faculdade de Administração e Economia da Universidade Metodista de São Paulo e pesquisador do Observatório Econômico na mesma instituição. 




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