Nacional Titulo
STF notifica FHC sobre envio de tropas a fazenda em MG
Do Diário do Grande ABC
11/07/2000 | 22:55
Compartilhar notícia


O ministro Marco Aurélio Mello, presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou que sejam notificados, nesta quarta-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro da Defesa, Geraldo Quintao, e o ministro de Segurança Institucional da presidência, general Alberto Cardoso, para que respondam, em 48 horas, às perguntas formuladas pelo governo de Minas Gerais no "pedido de explicaçoes" sobre o uso de tropas do Exército para proteger a fazenda da família do presidente da República, situada no município mineiro de Buritis.

De acordo com Marco Aurélio, a intimaçao é um "ato de rotina", e nao significa que esteja sendo aceito o entendimento do governador de Minas, Itamar Franco, através de sua Procuradoria-Geral, de que a propriedade rural, inscrita no registro público de Unaí como Agropecuária Córrego da Ponte, nao é de propriedade do presidente da República, nao podendo, portanto, ser protegida por forças do Exército.

O "pedido de explicaçoes" que deu entrada, nesta segunda-feira, no STF, tem como objetivo eventual abertura de açao penal contra o presidente Fernando Henrique e seus dois ministros, por injúria ao Estado de Minas Gerais, de acordo com o artigo 144 do Código Penal. Caso as respostas sejam dadas e sejam aceitas pelo governador Itamar Franco, o processo nao se inicia. Caso contrário, o governo de Minas terá de entrar com a açao penal.

Embora assessores jurídicos da Presidência da República considerem exótica e desprovida de seriedade jurídica uma futura açao de injúria contra um Estado da Federaçao e nao contra uma pessoa, o ministro Marco Aurélio disse que, em tese, pessoa jurídica (neste caso o Estado federado) poderia propor tal tipo de açao.

As perguntas que o presidente Fernando Henrique Cardoso terá de responder (ou deixar de responder, por se tratar de um "pedido de explicaçoes" via STF, mas nao ainda uma açao) sao as seguintes:
Se ele é, de fato, o responsável pela ordem direta de ocupaçao da fazenda pelo Exército; se a "Uniao ou ente público federal adquiriu a fazenda, em questao, da Agropecuária Córrego da Ponte Ltda.; se o presidente da República se encontrava na fazenda quando da chegada das tropas do Exército, chamadas para impedir a açao de um grupo do Movimento dos Sem-Terra (MST), que ameaçava invadir a propriedade; se este foi o motivo da ocupaçao; "qual o objetivo da operaçao militar e por que razao as forças estaduais de segurança nela nao tomaram parte"; "quais elementos permitiram a conclusao de que se encontravam esgotados os instrumentos destinados à preservaçao da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, autorizando, dessa forma, a utilizaçao de tropas do Exército".

O episódio na Fazenda Córrego da Ponte ocorreu na madrugada do último dia 4, quando mais de 300 soldados do Exército ocuparam-na. Ao tomar conhecimento da operaçao e "tendo em vista a extrema gravidade do fato", de acordo com a procuradora-geral Misabel Derzi, o governador Itamar Franco enviou mensagem ao presidente da República, querendo saber se dera ordem para que "tropas do Exército adentrassem o estado de Minas Gerais e ocupassem a propriedade". Ainda segundo a procuradora, o comando-geral da Polícia Militar mineira informou ao governador que "nao havia nenhum distúrbio na localidade que nao pudesse ser controlado pelas forças policiais estacionadas na regiao".




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;